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Distância e lentidão levam SP à liderança
Falta de prioridade ao transporte coletivo coloca paulistanos no topo do ranking dos que mais demoram para chegar ao trabalho
A situação é agravada pela instabilidade dos empregos, que torna mais difícil a pessoa mudar de casa só para ficar perto da empresa
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A liderança paulista no ranking dos que mais demoram
para chegar ao trabalho é explicada pelas grandes distâncias
dentro da região metropolitana, pelos congestionamentos
da capital e pela falta de prioridade ao transporte coletivo.
A situação é agravada pela
instabilidade dos empregos, segundo a avaliação de Jaime
Waisman, professor da USP
(Universidade de São Paulo) e
especialista em transporte.
"Antes uma pessoa ficava 30
anos na mesma empresa. Hoje
é uma possibilidade remota. É
mais difícil ela querer mudar de
casa só para ficar perto do trabalho", afirma ele, citando ainda a má distribuição dos postos
de trabalho pela cidade.
O engenheiro e sociólogo
Eduardo de Alcântara de Vasconcellos diz que, pela referência mundial, as pessoas costumam gastar, em média, de uma
hora a uma hora e meia por dia
em todos os seus deslocamentos -não apenas ao serviço.
Dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios do
IBGE de 2004 -tabulados pela
Folha- apontam que 1,6 milhão de trabalhadores da região
metropolitana de São Paulo
perdem, no mínimo, uma hora
por dia no percurso de ida da
residência ao serviço
Horário flexível
Perder só isso seria um sonho para Ricardo Ramos de
Oliveira, 30, analista de sistemas morador de Guarulhos,
que faz divisa com a zona norte
paulistana, e que trabalha no
centro empresarial próximo da
ponte João Dias, na zona sul.
Oliveira tem um carro popular a gás para economizar com
combustível no trajeto, que varia de uma hora e 40 minutos a
duas horas de manhã.
A demora já foi pior. Ele conseguiu convencer seu chefe a
flexibilizar seus horários de entrada e saída do trabalho. Hoje,
foge dos picos principais por
entrar às 10h30 e sair às 19h30.
"Eu demoro só isso porque
escapo das marginais", afirma
ele, que já chegou a ficar quatro
horas parado no trânsito e hoje
em dia adota algumas estratégias para não estressar.
Antes de sair do trabalho,
principalmente às sextas, Oliveira consulta sobre a situação
do trânsito pela internet. No
carro, mantém um CD do curso
de inglês e atualiza sua agenda
quando a fila de veículos pára.
Leva seu café da manhã ao volante e já sabe que não pode tomar água antes de sair de casa.
"Se não dá vontade de ir ao
banheiro", explica ele, lembrando uma ocasião em que,
preso num congestionamento,
chegou a fazer de banheiro um
canteiro da marginal.
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