São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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Experiência aproxima família, dizem maridos

DA REPORTAGEM LOCAL O engenheiro Wagner Santos Gil, 39, está passando pela experiência de ser pai-canguru e conta que, quando começou, tinha medo de segurar Gabriel, que nasceu em 1º de maio com 29 semanas e pesando 1,28 quilo. "Ele tinha um terço do peso normal e não tive dúvidas na hora de entrar no programa. Estava ansioso para pegá-lo no colo, mas ele parecia um bibelô de cristal. Eu tinha receio de fazer alguma coisa errada."
Agora, Gabriel tem 2,36 quilos e deve ter alta em 15 dias. "Já decidi que vou comemorar dois aniversários dele: o dia do nascimento e o dia da alta. Tudo será motivo para festa."
Gil vai todos os dias ao hospital, pelo menos duas vezes. "Meu horário é mais flexível, consegui adaptá-lo. Fico contando as horas para vê-lo. Fico olhando, querendo que ele fale para mim, como se ele já pudesse falar!"
O cardiologista Victor Issa, 32, outro pai-canguru, tem de se virar em três. Há um ano, nasceram Clara, Helena e Lívia, de sete meses. Durante 40 dias, elas ficaram na maternidade e Victor e a mulher se revezavam para cuidar das três.
Uma das meninas não conseguia ganhar peso de jeito nenhum, até que o pai passou a dedicar mais tempo a ela. Em poucos dias, a menina engordou. "A emoção é inexplicável. Quando vimos as três em casa, foi mais do que um sonho."
Wagner Molina, 44, pôde parar de trabalhar por um tempo e acompanhar cada vitória que a filha conquistou no seu colo. Por 98 dias, ele carregou Júlia, hoje com um ano, para que ela se desenvolvesse melhor. A menina nasceu com 26 semanas e chegou a pesar 714 gramas. Era tão pequenininha que cabia com folga em sua mão.
Molina fez questão de dividir a tarefa de ser um "canguru" com a mulher. "Foi a coisa mais emocionante que fiz na vida. A gente criou um vínculo tão grande que hoje entendo melhor a relação das mães com os filhos. O contato físico é fundamental para que um bebê tão pequeno sinta o seu amor", diz.
Cineasta, ele filmará toda a história. O que era para ser um curta-metragem virará um longa. "Temos de incentivar o projeto e encorajar mais homens a participar dessa experiência."
Pais-coruja como Victor e Wagner foram os que levaram o hospital São Luiz a abrir o projeto para os homens. "Ficamos imaginando se faria bem ao bebê, se ele criaria logo um vínculo com o pai", lembra a coordenadora do curso de gestantes do hospital, Márcia Regina da Silva. "Percebemos o quanto é importante para a criança o contato tanto com o pai quanto com a mãe." No ano passado, conta, só 5% dos pais não participaram do programa.


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