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Sem avião, atleta troca aeroporto por rodovia
Com receio de não chegar a tempo em competições, equipes preferiram ônibus
Outra passageira que, na sexta, passou a madrugada com a família em Guarulhos, levou mais de
40 h para chegar ao destino
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As filas, os atrasos nos vôos e
os transtornos causados nos últimos dias para quem precisava
viajar fizeram com que passageiros e, principalmente, equipes de atletas reprogramassem
a forma escolhida para chegar a
seus destinos. Parte deles preferiu trocar aviões por ônibus e
enfrentar viagens mais longas.
É o caso, por exemplo, da
equipe brasileira de futebol
sub-20. A caminho do Canadá
para um campeonato internacional, a equipe partiu da Granja Comary, em Teresópolis
(RJ), para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, de ônibus,
em vez de pegar um vôo.
"Estávamos com medo de ficar parados horas e horas no
aeroporto do Rio", disse Luiz
Carlos Nascimento Júnior, 20,
o Luizão, jogador do Cruzeiro.
A equipe chegou a Guarulhos
às 17h20 de ontem, após oito
horas de estrada. O vôo da seleção estava previsto para sair de
Guarulhos às 21h50. Até as
18h40 de ontem, estava confirmado para o horário previsto.
Os seis atletas de tae-kwon-do da Universidade Facex de
Natal (RN) esperavam ontem
sentados no chão do saguão de
check-in da TAM para retornar
à Natal, após enfrentar uma
verdadeira maratona rumo a
uma competição em Curitiba.
O transtorno começou na
madrugada de quinta para sexta, quando deveriam embarcar
em vôo da TAM para SP à 1h da
manhã, mas que só partiu às 7h.
"Em Congonhas, tivemos de
tomar um ônibus para Curitiba
porque não conseguimos um
vôo", disse Fabio Acioly, 20,
que sentiu, literalmente, o peso
da viagem. "Perdemos a pesagem dos atletas. Ou seja, não
pude comer nada até às 9h."
"Toda essa viagem, o cancelamento do vôo, os vaivéns para
lá e para cá atrapalharam o desempenho da equipe", disse o
técnico Rivanaldo Freitas, 33.
"Porque se perde tempo de
treino, de fazer a alimentação
correta, enfim, é uma sucessão
de fatos que atrapalham o desempenho de uma equipe que
precisa manter seu patrocínio,
obter resultados."
A equipe tinha vôo de retorno a Natal previsto para 22h. Os
atletas saíram de Curitiba à
meia-noite de sábado e chegaram às 6h da manhã de ontem
em SP. No aeroporto, aguardavam sentados no chão desde as
15h40 de domingo.
Com 15 meninos e meninas
de 9 a 12 anos sob seu comando,
a técnica Tatiana Freire Dias,
28, também esperava "tranquilidade". O time de ginástica artística do clube Setor Leste de
Brasília teve problemas na
quinta para chegar a SP. "Foram três horas de atraso, que
nos fizeram perder o treino."
A comerciante Cosma Ferreira de Freitas, 43, conseguiu
ontem chegar ao seu destino,
em Barros (CE), após ficar
"acampada" em Cumbica desde a última sexta-feira.
Seu vôo inicial deveria ter
saído às 23h50 de sexta, mas só
embarcou às 20h45 de sábado.
"Cheguei em Fortaleza à 1h."
Da cidade, a comerciante,
duas irmãs e dois sobrinhos
conseguiram um ônibus para
Barros (460 km de Fortaleza)
às 7h de domingo.
A Folha acompanhou o
transtorno da família, que,
além de dormir em bancos do
saguão do aeroporto, ficou sem
fazer todas as refeições, devido
aos custos elevados de alimentação no local. "Consegui chegar às 17h de hoje (ontem) na
casa de meu pai. Foi muito sofrimento", disse Freitas. "Já estou com medo [do retorno]."
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