São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Sem avião, atleta troca aeroporto por rodovia

Com receio de não chegar a tempo em competições, equipes preferiram ônibus

Outra passageira que, na sexta, passou a madrugada com a família em Guarulhos, levou mais de 40 h para chegar ao destino

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As filas, os atrasos nos vôos e os transtornos causados nos últimos dias para quem precisava viajar fizeram com que passageiros e, principalmente, equipes de atletas reprogramassem a forma escolhida para chegar a seus destinos. Parte deles preferiu trocar aviões por ônibus e enfrentar viagens mais longas.
É o caso, por exemplo, da equipe brasileira de futebol sub-20. A caminho do Canadá para um campeonato internacional, a equipe partiu da Granja Comary, em Teresópolis (RJ), para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, de ônibus, em vez de pegar um vôo.
"Estávamos com medo de ficar parados horas e horas no aeroporto do Rio", disse Luiz Carlos Nascimento Júnior, 20, o Luizão, jogador do Cruzeiro.
A equipe chegou a Guarulhos às 17h20 de ontem, após oito horas de estrada. O vôo da seleção estava previsto para sair de Guarulhos às 21h50. Até as 18h40 de ontem, estava confirmado para o horário previsto.
Os seis atletas de tae-kwon-do da Universidade Facex de Natal (RN) esperavam ontem sentados no chão do saguão de check-in da TAM para retornar à Natal, após enfrentar uma verdadeira maratona rumo a uma competição em Curitiba.
O transtorno começou na madrugada de quinta para sexta, quando deveriam embarcar em vôo da TAM para SP à 1h da manhã, mas que só partiu às 7h.
"Em Congonhas, tivemos de tomar um ônibus para Curitiba porque não conseguimos um vôo", disse Fabio Acioly, 20, que sentiu, literalmente, o peso da viagem. "Perdemos a pesagem dos atletas. Ou seja, não pude comer nada até às 9h."
"Toda essa viagem, o cancelamento do vôo, os vaivéns para lá e para cá atrapalharam o desempenho da equipe", disse o técnico Rivanaldo Freitas, 33. "Porque se perde tempo de treino, de fazer a alimentação correta, enfim, é uma sucessão de fatos que atrapalham o desempenho de uma equipe que precisa manter seu patrocínio, obter resultados."
A equipe tinha vôo de retorno a Natal previsto para 22h. Os atletas saíram de Curitiba à meia-noite de sábado e chegaram às 6h da manhã de ontem em SP. No aeroporto, aguardavam sentados no chão desde as 15h40 de domingo.
Com 15 meninos e meninas de 9 a 12 anos sob seu comando, a técnica Tatiana Freire Dias, 28, também esperava "tranquilidade". O time de ginástica artística do clube Setor Leste de Brasília teve problemas na quinta para chegar a SP. "Foram três horas de atraso, que nos fizeram perder o treino."
A comerciante Cosma Ferreira de Freitas, 43, conseguiu ontem chegar ao seu destino, em Barros (CE), após ficar "acampada" em Cumbica desde a última sexta-feira.
Seu vôo inicial deveria ter saído às 23h50 de sexta, mas só embarcou às 20h45 de sábado. "Cheguei em Fortaleza à 1h."
Da cidade, a comerciante, duas irmãs e dois sobrinhos conseguiram um ônibus para Barros (460 km de Fortaleza) às 7h de domingo.
A Folha acompanhou o transtorno da família, que, além de dormir em bancos do saguão do aeroporto, ficou sem fazer todas as refeições, devido aos custos elevados de alimentação no local. "Consegui chegar às 17h de hoje (ontem) na casa de meu pai. Foi muito sofrimento", disse Freitas. "Já estou com medo [do retorno]."


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