São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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CLARICE OSÓRIO TEIXEIRA (1915-2009)

A tia Cinha do orfanato fazia maçãs do amor

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Resta um único casarão naquela quadra que dá para a av. Paulista. Fica no 954 da rua Bela Cintra, onde viveu por toda a vida -exatos 93 anos e dez meses- Clarice Osório Teixeira, professora.
Ela morreu domingo, de insuficiência cardíaca. Não foi casada; não deixa filhos. Até sexta-feira, ainda dava aulas. Conta a sobrinha Marilia que tia Cinha, como era chamada, estava alfabetizando a sobrinha da enfermeira que cuidava dela. Ao pedreiro da casa também ensinou a ler e a escrever.
Por mais de 30 anos, foi professora num orfanato chamado Lar da Infância, que ficava na avenida Angélica. Gostava tanto do que fazia, que costumava festejar o próprio aniversário no local.
Dedicada, preocupava-se até com o que as crianças queriam comer. "Teve um ano em que passamos um domingo inteiro preparando maçãs, porque as crianças queriam maçãs do amor", lembra a sobrinha.
Explicava assim sua vocação: "Os ricos não precisam de mim, eu ajudo a resolver os problemas dos pobres". Clarice também foi professora do tradicional externato Elvira Brandão. Era muito religiosa -evangélica-, e gostava de pintar porcelana e de se distrair com crochê -tinha acabado de fazer uma toalhinha. Bem-humorada, "nunca a viram brigar".
Estava sempre em contato com seus ex-alunos, alguns já com netos. Duas das crianças da época do orfanato estiveram em seu enterro.

obituario@grupofolha.com.br


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