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SISTEMA PRISIONAL
Segundo inquérito, detento foi solto por carcereiros e, após cometer crime, retornou à prisão em Ribeirão Preto
Preso sai da cadeia para matar inimigo
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um detento da cadeia de Vila
Branca, em Ribeirão Preto (314
km de SP), deixou a unidade, possivelmente com a ajuda de carcereiros, e matou um inimigo que
estava em liberdade. Após cometer o crime, retornou à prisão.
O fato ocorreu em março de
2000, mas o inquérito só foi concluído no final do mês passado e
chegou à Corregedoria da Polícia
ontem. O relatório do delegado
Samuel Antônio Zanferdini, que
realizou as investigações, aponta
o detento Edson dos Santos como
autor dos disparos.
Três carcereiros estão sendo investigados pela Corregedoria e
também pelo Ministério Público.
Um deles, Márcio José Brasileiro,
33, também é acusado de facilitar
a entrada de barris de chope aos
presos da unidade durante um
churrasco.
Os outros dois, Donizete Aparecido Pereira e Carlos Eduardo
Alonso de Barros, continuam trabalhando no local.
Esse é o terceiro caso neste ano
em que funcionários da cadeia
são acusados de promover facilidades a presos. No começo do
ano, dois barris do chope foram
encontrados em uma das celas e,
no começo desta semana, gravações telefônicas apontaram a entrega de pizza e droga a eles.
Segundo a polícia, o preso Edson dos Santos, conhecido como
"Formigão", saiu de Vila Branca
no dia 18 de março de 2000 e, na
companhia de outras duas pessoas, matou a tiros Márcio Pereira
de Souza, em um lava-jato, no
centro de Ribeirão.
A mulher da vítima, que não foi
identificada, reconheceu o presidiário como o autor dos disparos.
Após praticar o crime, o acusado
voltou para a cela onde cumpria
pena por homicídio. O total da
pena não foi informado.
Santos também é suspeito de
matar o filho de Souza, fato que
ele nega à polícia.
O crime aconteceu em um sábado e, na segunda-feira, os policiais
submeteram "Formigão" a um
exame residuográfico. O exame
comprovou a existência de pólvora na mão do detento.
O inquérito sobre o caso só terminou no dia 25 de junho passado, quando um relatório do delegado Zanferdini foi apresentado
ao delegado seccional José Manoel de Oliveira. Cópias também
foram entregues à Promotoria.
"Nós fornecemos os elementos e
pedimos para que eles sejam denunciados, que seja decretada a
prisão preventiva", afirmou o delegado seccional.
O corregedor de Ribeirão, Jayme Ribeiro da Silva Filho, foi procurado ontem para comentar o
assunto, mas ele disse que desconhecia o caso. O promotor Sebastião Sérgio da Silveira, que também investiga o caso, não foi encontrado.
Zanferdini afirmou que a demora para a conclusão do inquérito ocorreu em razão dos depoimentos e dos exames solicitados
na investigação.
Ainda segundo ele, há indícios
da participação dos funcionários
no crime, mas a responsabilidade
de cada um vai ser apurada pela
corregedoria. "Com certeza teve a
conivência de alguém", disse.
O juiz corregedor dos presídios
de Ribeirão, Luís Augusto Freire
Teotônio, disse ontem ter conhecimento do assunto, mas não poderia fazer comentários.
O delegado Oliveira afastou ontem o diretor-adjunto da cadeia
de Vila Branca, Marcelo Velludo
Garcia de Lima, e um carcereiro
identificado apenas como Francisco. O afastamento foi determinado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
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