São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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SAÚDE

Após a pior epidemia dos últimos 16 anos e em período eleitoral, campanha terá R$ 1 bilhão, 35,2% a mais do que em 2001

Governo antecipa e amplia ação antidengue

Cleo Velleda/Folha Imagem
Agente aplica inseticida para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue


MARIA CECÍLIA BARCELOS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após registrar de janeiro a julho o maior número de casos de dengue dos últimos 16 anos, o Ministério da Saúde anunciou ontem que está ampliando em 35,2% a previsão de investimentos no combate à doença, que chegam a cerca de R$ 1 bilhão em 2002.
A previsão inicial era investir R$ 765 milhões, praticamente o mesmo valor do ano passado. Além disso, também será antecipado, em relação a 2001, o início da campanha de combate à doença de setembro para este mês.
A dengue foi um dos principais problemas enfrentados pelo então ministro José Serra, candidato do governo à Presidência, pouco antes de deixar a pasta da Saúde, no início do ano. O alto número de casos e de mortes levou opositores de Serra a chamá-lo, em manifestações, de "presidengue".
De janeiro a julho deste ano foram notificados 673.059 casos de dengue, sendo que um dos Estados mais afetados foi o Rio de Janeiro. Nos últimos 16 anos, o maior número havia sido registrado em 1998, ano em que Serra assumiu o Ministério da Saúde, com 528.388 casos.
O número de mortes nos primeiros sete meses deste ano chegou a 90, incluindo as causadas pela dengue hemorrágica.
Com o Programa Nacional de Combate à Dengue, divulgado ontem, o governo apresentou como objetivos reduzir o índice de infestação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, diminuir em 50% o número de casos em 2003 e chegar a uma taxa de mortalidade por dengue hemorrágica de menos de 1% em relação ao total de casos -neste ano o índice foi de 4,593%.

Pendências
Em relação às ações do novo plano, o governo prevê a descentralização do diagnóstico laboratorial, o que aumentará o número de instituições que fazem esse trabalho. Atualmente, o diagnóstico é feito apenas pelos 27 laboratórios centrais de saúde pública (Lacens). A meta é chegar a 95 laboratórios até o final do ano.
O governo também espera reduzir o número de "pendências" para menos de 10%. Pendência é o termo adotado para as visitas a domicílios que ficam pendentes, ou seja, que não são realizadas por agentes de combate à dengue. Atualmente, o índice é de aproximadamente 20%.
"Só no Rio de Janeiro [14,4 milhões de habitantes no Estado", deixamos de visitar uma Belém [1,3 milhão de habitantes" a cada mês", afirmou o presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Mauro Ricardo Costa.
Além disso, o programa prevê investimento em campanhas publicitárias e de educação da população, contratação de pessoal e aquisição de equipamentos, como pulverizadores e trituradores de pneus. Os trituradores serão usados na reciclagem de pneus, que acumulam água e tornam-se criadores do Aedes.
De acordo com o programa, também haverá o "Dia D" (23 de novembro), de mobilização da sociedade no combate à doença, todos os anos, a partir deste ano, conforme ocorreu no Rio de Janeiro em 2001.

Brigas e recursos
O ministro da Saúde, Barjas Negri, acredita que não haverá mais briga entre os municípios, Estados e governo em relação ao repasse de recursos no combate à epidemia de dengue, como ocorreu no início deste ano.
"Acho que isso acabou. Os recursos que vamos colocar neste momento para a contratação de agentes de combate à dengue é exclusivamente para municípios. Quem contrata, treina e faz o trabalho de campo são os municípios. Para os Estados, há recursos técnicos de máquinas e aparelhagem", afirmou.
De acordo com Barjas Negri, a verba já está garantida, mas haverá uma demora de até 60 dias para a capacitação e contratação de pessoal e realização de licitações para compra de equipamentos.



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