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HABITAÇÃO
Grupo aceitou deixar edifício no centro, mas parte acampou em frente à companhia para forçar uma negociação
Sem-teto trocam hotel pela sede da CDHU
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 600 sem-teto que ocupavam
o hotel Danúbio, no centro de São
Paulo, abandonaram o local ontem. Mas, dizendo não ter para
onde ir, parte deles acampou na
frente da sede da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), na avenida Nove
de Julho (zona oeste).
Os secretários estadual e municipal da Habitação, Barjas Negri e
Paulo Teixeira, afirmaram não ter
condições de oferecer acomodação emergencial para essas pessoas (cerca de 250, segundo os organizadores). A previsão era de
que elas dormissem no local.
"Não passei por tudo aquilo para ficar de mãos abanando", afirmou Joelma de Melo Silva, 21.
Grávida de sete meses, ela se recusava a voltar para a casa da mãe,
em Campo Limpo. "Enquanto
precisar, fico aqui. Quero uma casa para morar com meus filhos e
meu namorado."
Negri e Teixeira se reuniram ontem com 12 coordenadores do
MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro). Os sem-teto reivindicavam que o governo entregasse, na área central, 500 moradias
agora e 2.000 até o fim deste ano.
"Isso é impossível", disse Negri.
Segundo ele, serão entregues
dentro de oito meses cerca de cem
unidades no centro. A meta da
gestão, diz, é 4.000 unidades.
"Mas isso não se faz da noite para
o dia." Ele também anunciou que,
na segunda-feira, o governo federal destinará ao Estado R$ 100 milhões para habitação popular.
O MSTC diz que os projetos habitacionais não atingem a camada
mais pobre, que sobrevive com
cerca de um salário mínimo. "Nos
sentimos totalmente excluídos
desses programas", afirmou a
coordenadora Ivaneti Araújo.
Diante da negativa às reivindicações, os coordenadores pediram um alojamento ou escola para acomodar os sem-teto durante
a noite, mas também não foram
atendidos. "Atendemos 5.000 famílias em termos emergenciais
neste ano. Estamos no nosso limite", afirmou Paulo Teixeira.
Entre as propostas apresentadas
ao MSTC estão a realização de um
cadastro das famílias acampadas
e a realização de uma reunião, na
próxima semana, da prefeitura,
do Estado e dos sem-teto com a
União para discutir a crise habitacional na cidade.
O hotel Danúbio foi invadido na
madrugada da segunda. Na terça,
a Justiça concedeu a reintegração
de posse à UniFMU (Faculdades
Metropolitanas Unidas), que pretende construir um teatro e um
centro de pesquisas no local. O
mandado autorizava, se necessário, o uso da força policial.
Na manhã de ontem, PMs isolaram a entrada do hotel. Perto do
meio-dia, o grupo deixou o local.
Também na segunda-feira, outros três imóveis foram invadidos.
Ontem, os proprietários do prédio da avenida Ipiranga entraram
com pedido de reintegração de
posse. Já o da rua Mauá está sendo
negociado entre o proprietário e o
MSTC. Os donos do imóvel da
rua Aurora ainda não fizeram
contato, segundo o movimento.
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