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Delegado é alvo de nova denúncia
André Di Rissio, presidente da Associação dos Delegados, é acusado agora de tráfico de influência
Ele foi preso no mês passado sob acusação de participar de esquema ilegal de liberação de mercadorias no aeroporto de Viracopos
DA REPORTAGEM LOCAL
Preso no mês passado por supostamente participar de um
esquema ilegal de liberação de
mercadorias importadas no
Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (95 km
de SP), o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do
Estado de São Paulo, André Di
Rissio, agora também é investigado por tráfico de influência.
Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram Di
Rissio manipulando operações
feitas pelo Deic (Departamento
de Investigações Sobre o Crime
Organizado) para supostamente beneficiar amigos. Nos
grampos, divulgados ontem pelo "Jornal Nacional", da Rede
Globo, o delegado também conversa com o pai, o desembargador do Tribunal de Justiça
Eduardo Di Rissio Barbosa, sobre uma suposta pressão no TJ
para ajudar um advogado.
As escutas foram feitas na
mesma investigação, iniciada
no ano passado, que descobriu
a suposta quadrilha que atuava
no aeroporto de Viracopos. A
suspeita de tráfico de influência motivou a abertura de um
outro procedimento.
O advogado de Di Rissio, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, afirmou que as escutas divulgadas ontem não comprovam a existência de tráfico de
influência (leia texto ao lado).
Em um dos grampos, Di Rissio conversa com um advogado,
que relata que seu cliente teve
bebidas apreendidas. Em outra
ligação, Di Rissio dá a resposta:
"Você quer a má notícia ou a
boa notícia?". O advogado prefere a má. "A má é que a apreensão está legalizada. A boa é que
eu liguei para o delegado. Acabou, está zero a zero. Tá abortada a operação", disse.
Em outra escuta, Di Rissio
conversa por celular com uma
pessoa presa por sonegar imposto. "Você está sendo levado
para o Deic por quem?", questiona. O preso passa o telefone
para um investigador. "Alô, é o
doutor André Di Rissio, da delegacia geral. Está muito ruim a
situação aí?"
O policial responde: "Não,
doutor. Nada de horrível". "Você resolve pra mim?", prossegue Di Rissio. "Com certeza,
doutor", responde o investigador. Em outro grampo, mas
ainda da mesma operação, um
delegado liga para Di Rissio para dizer que o acusado estava
solto. "Fico te devendo um almoço", agradece.
As escutas da PF também flagraram suposto tráfico de influência no Poder Judiciário.
Em grampos, Di Rissio fala com
o pai, o desembargador Eduardo de Rissio Barbosa, sobre a
ajuda dada ao advogado Luiz
Silvio Moreira Salata.
Salata era alvo de uma ação
popular que contestava sua
contratação, sem licitação, por
uma prefeitura do interior. A
ação contra o advogado foi
trancada pelo TJ em setembro
de 2005. Barbosa teria pedido a
intermediação de outro desembargador, hoje aposentado, para resolver o problema.
Em outra escuta, feita após
essa decisão, Di Rissio chega a
repreender o pai por falar ao telefone sobre essa questão. O desembargador não aceita a repreensão dizendo para não se
preocupar porque ele era "vitalício" na função. "A única coisa
vitalícia que você tem é a sua
mulher", respondeu o filho.
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