|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Suzane vai fabricar prendedor de roupa
A cada três dias trabalhados na prisão ela terá um descontado de sua pena
Advogados vão entrar com habeas corpus para que ela seja absolvida da morte do pai, o que poderia reduzir a sua pena em 19 anos
DANILO ALMEIDA
DO "AGORA"
Condenada a 39 anos e seis
meses de prisão pela morte dos
pais, Suzane von Richthofen,
22, deverá fabricar prendedores de roupa, manualmente,
durante sua permanência no
Centro de Ressocialização de
Rio Claro (175 km de SP).
O serviço, de segunda a sexta,
por oito horas diárias, deverá
lhe render salário de R$ 262,50
mensais e redução de um dia
em sua pena a cada três trabalhados, de acordo com a legislação brasileira. Os últimos acertos devem ser feitos nesta semana pela direção da unidade.
Anteriormente, Suzane havia trabalhado no ambulatório
da mesma prisão, agendando
consultas, e com artesanato.
De acordo com funcionárias
da prisão, o trabalho com prendedores de roupa é a opção às
detentas quando terminam as
vagas nas outras oficinas, como
corte e costura, enfermaria,
cosméticos, tricô e crochê,
além de serviços internos.
"A Suzane está aguardando a
decisão da diretora [do Centro
de Ressocialização]", afirmou
Denivaldo Barni, ex-tutor da
garota.
A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que a Penitenciária 2 de
Tremembé (138 km de SP), onde estão recolhidos os irmãos
Cristian e Daniel Cravinhos,
também oferece trabalho e estudo aos detentos, mas não especificou de que tipo.
A pasta não esclareceu, entretanto, o trabalho a ser feito
por Suzane e, eventualmente,
pelos Cravinhos. Segundo a assessoria, o órgão não pode fazer
pronunciamentos sobre cada
preso, individualmente.
O promotor Nadir de Campos Júnior, que atuou na acusação, disse que ficou surpreso
com o fato de Suzane ter conseguido um emprego "tão rápido"
no sistema carcerário.
Ele voltou a afirmar que ela
"não chorou em momento nenhum no júri, nem depois de
ouvir a sentença".
Habeas corpus
A defesa de Suzane vai entrar
com um habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo que
ela seja absolvida da morte do
pai, Manfred. Os advogados entendem que está confusa a formulação de um quesito e que os
jurados queriam absolvê-la.
"Não estamos criticando o
juiz [Alberto Anderson Filho],
até elogiamos a formulação dos
quesitos na hora do júri. Mas,
os jurados reconheceram que
Suzane era dominada pelo namorado, entenderam que essa
dominação era insuportável, e
no último quesito a gente entende que a resposta deles refletia a vontade de absolvição",
disse Mauro Otávio Nacif, um
dos advogados da jovem.
O primeiro quesito ao qual
Nacif se refere diz o seguinte:
"A ré Suzane von Richthofen
foi submetida a violência moral, consistente em ser subjugada e dominada psiquicamente
pelo namorado?" Por quatro
votos a três, os jurados entenderam que sim, que Suzane era
dominada por Daniel.
No segundo quesito, o juiz
perguntou: "Esta violência
criou para a ré uma situação
anormal e insuportável?" Mais
uma vez, por quatro a três, os
jurados responderam que sim.
Por fim, o juiz perguntou:
"Em face dessa situação anormal e insuportável, foi a ré levada, diante de tal violência, por
não dispor de outra alternativa,
a agir como agiu?" Nesse caso,
por cinco votos a dois, os jurados responderam não e condenaram a jovem. Eles teriam entendido que, embora dominada, Suzane teria outra alternativa que não fosse o crime.
Não é assim que a defesa de
Suzane interpreta o quesito.
Para os advogados, os jurados
queriam absolver a jovem. "Se
os jurados quisessem condená-la, jamais diriam que ela sofria
de uma dominação insuportável", disse Nacif.
Segundo o advogado, caso o
Tribunal de Justiça entenda
que a vontade dos jurados era
absolver Suzane, a pena da estudante cai pela metade.
"Aí ela terá de cumprir 1/6 da
pena de 19 anos. Isso significa
três anos, um mês e alguns dias.
Ela já cumpriu quase três anos.
Em poucos meses ela poderá
responder no regime semi-aberto", disse o advogado.
"Eles perderam o júri e agora
querem seguir para essa linha
de confusão de quesitos. Não
vou entrar nesse debate sem
antes ler o recurso", disse Nadir
Campos Júnior, um dos promotores do caso.
Colaborou FERNANDA BASSETTE, da Reportagem Local
Texto Anterior: Saiba mais: Di Rissio está preso desde 29 de junho Próximo Texto: Comércio de Catanduvas calcula lucros com prisão Índice
|