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Comércio de Catanduvas calcula lucros com prisão
Mercados e restaurantes já incrementam vendas
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVAS
(PR)
A maior parte da população
de Catanduvas (PR) não só desdenha do suposto perigo representado pelo primeiro presídio
federal do Brasil como já faz
cálculos dos benefícios financeiros decorrentes disso.
Encostado no balcão vazio,
Arlindo Garcia, 72, dono do Caxias Bar, prevê agentes penitenciários e parentes de presos
jogando bilhar, comendo e bebendo. "Temos o bar há dois
anos, e nunca vimos lucro. Agora as coisas vão mudar."
Outros segmentos, como a
construção civil, também identificam no presídio um chamariz de lucro. A Pillar Construtora faz sua primeira obra no município e pretende comprar terrenos para os primeiros edifícios. "Já estamos com alguns
projetos", diz Valdelírio da Silva, 37, enquanto orienta pedreiros que erguem a primeira
casa da empresa na cidade.
Edmundo Riedel, 46, um dos
pedreiros, mostra a importância atribuída ao presídio. "O
Fernandinho Beira-Mar, agora,
é o nosso padrinho, vai fazer
muito bem para nós", diz com
um sorriso. O traficante, primeiro preso a ocupar a prisão,
foi transferido anteontem.
Riedel trabalhou durante 11
meses e 28 dias na construção
do presídio.
As polícias Civil e Militar aumentaram seus efetivos. O tenente David do Amaral, 25,
conta que o último assalto na
zona rural do município ocorreu em maio de 2003. Em
2006, ainda não houve assaltos
na cidade.
Mesmo com esses índices,
Amaral não crê no aumento de
casos. "Está aumentando nosso
trabalho preventivo, de inteligência, para identificar quem
entra na cidade. As abordagens
que fazemos aumentaram."
As abordagens freqüentes incomodam o vendedor de motos
João Becker, 41. "Um cliente
meu teve de apresentar seus
documentos cinco vezes em
um dia", conta.
Comércio
Os quatro mercados de Catanduvas incrementaram as
vendas em 5%. O restaurante
Tropical já lucra 50% a mais. Os
aluguéis dobraram. Os terrenos
se valorizaram em 300%.
Único hotel da cidade, o Veneza projeta aumento de 18 para 25 quartos. Até a única videolocadora, a Cinemania, fatura mais 20% e atribui isso à
procura por filmes de ação pelos agentes. O mais pedido é
"King Kong".
Tudo isso é motivo de festa
para a cidade isolada, que fica a
13 km da BR-277. O agricultor
Alisto Toigo, cuja chácara fica a
500 metros do presídio, diz:
"Com esses agentes aqui, sinto-me mais seguro".
"Tudo melhorou, tivemos 25
pedidos de alvarás em um ano e
meio. Há até déficit de imóveis", diz o prefeito Aldoir Bernart (PMDB).
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