São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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Comércio de Catanduvas calcula lucros com prisão

Mercados e restaurantes já incrementam vendas

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVAS (PR)

A maior parte da população de Catanduvas (PR) não só desdenha do suposto perigo representado pelo primeiro presídio federal do Brasil como já faz cálculos dos benefícios financeiros decorrentes disso.
Encostado no balcão vazio, Arlindo Garcia, 72, dono do Caxias Bar, prevê agentes penitenciários e parentes de presos jogando bilhar, comendo e bebendo. "Temos o bar há dois anos, e nunca vimos lucro. Agora as coisas vão mudar."
Outros segmentos, como a construção civil, também identificam no presídio um chamariz de lucro. A Pillar Construtora faz sua primeira obra no município e pretende comprar terrenos para os primeiros edifícios. "Já estamos com alguns projetos", diz Valdelírio da Silva, 37, enquanto orienta pedreiros que erguem a primeira casa da empresa na cidade.
Edmundo Riedel, 46, um dos pedreiros, mostra a importância atribuída ao presídio. "O Fernandinho Beira-Mar, agora, é o nosso padrinho, vai fazer muito bem para nós", diz com um sorriso. O traficante, primeiro preso a ocupar a prisão, foi transferido anteontem.
Riedel trabalhou durante 11 meses e 28 dias na construção do presídio.
As polícias Civil e Militar aumentaram seus efetivos. O tenente David do Amaral, 25, conta que o último assalto na zona rural do município ocorreu em maio de 2003. Em 2006, ainda não houve assaltos na cidade.
Mesmo com esses índices, Amaral não crê no aumento de casos. "Está aumentando nosso trabalho preventivo, de inteligência, para identificar quem entra na cidade. As abordagens que fazemos aumentaram."
As abordagens freqüentes incomodam o vendedor de motos João Becker, 41. "Um cliente meu teve de apresentar seus documentos cinco vezes em um dia", conta.

Comércio
Os quatro mercados de Catanduvas incrementaram as vendas em 5%. O restaurante Tropical já lucra 50% a mais. Os aluguéis dobraram. Os terrenos se valorizaram em 300%.
Único hotel da cidade, o Veneza projeta aumento de 18 para 25 quartos. Até a única videolocadora, a Cinemania, fatura mais 20% e atribui isso à procura por filmes de ação pelos agentes. O mais pedido é "King Kong".
Tudo isso é motivo de festa para a cidade isolada, que fica a 13 km da BR-277. O agricultor Alisto Toigo, cuja chácara fica a 500 metros do presídio, diz: "Com esses agentes aqui, sinto-me mais seguro".
"Tudo melhorou, tivemos 25 pedidos de alvarás em um ano e meio. Há até déficit de imóveis", diz o prefeito Aldoir Bernart (PMDB).


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