São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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Faixa exclusiva para motos tem baixa adesão no 1º dia

Por discordar da medida ou desconhecê-la, motociclistas não se restringiram à área

Utilização na av. Rebouças e na rua da Consolação não é obrigatória, apenas preferencial; segundo CET, adesão é gradual e lenta


RICARDO GALLO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro dia de operação da faixa preferencial para motocicletas na avenida Rebouças e na rua da Consolação foi marcado, seja por desconhecimento ou discordância, por uma adesão quase inexistente. Uma entregadora de panfletos, a serviço da CET, chegou a ser atropelada por uma moto que estava sobre a faixa. Ela passa bem.
A Folha percorreu o corredor Rebouças-Consolação nos dois sentidos, entre as 17h50 e as 18h50. O carro da reportagem foi ultrapassado por 227 motos -nenhuma na faixa preferencial. "Seria imprudente esperar que depois da distribuição de alguns folhetos todos os motociclistas andassem na faixa", afirmou Roberto Scaringella, presidente da CET. "A adesão é lenta, gradual, demorada, difícil, mas possível."
Cerca de 300 mil folhetos serão distribuídos. Batizada de Faixa Cidadã, a medida vale experimentalmente por seis meses e foi criada para tentar reduzir a morte de motociclistas. Um deles morre por dia na cidade, segundo a CET.
Identificada por um losango verde, a faixa não proíbe carros de circularem. O tráfego de motos é preferencial, não obrigatório. "Nunca será obrigatório nessa configuração de avenida [como Rebouças/Consolação]", afirmou Scaringella.

"Não vai pegar"
"Acho que não vai pegar. Eu não estou respeitando", disse o motoboy Irineu Soares, 22, há quatro anos na profissão. Segundo ele, o maior empecilho é que os carros ocupam a maior parte da faixa. "Deveria ter uma faixa só para motos."
Scaringella rebate: "Às vezes ele não pega trânsito, mas acaba em um caixão. Morre. Ou então vai para a UTI". Ele diz que estuda a possibilidade de uma faixa só para motos, mas não adiantou onde poderia ser.
Houve motoristas que ficaram satisfeitos com a iniciativa da CET. "É bom ter essa faixa porque o trânsito de motos em muitas faixas pode causar acidentes", disse o administrador Silvio Coelho, 49, que já teve dois espelhos retrovisores quebrados por motoboys.
Já Alexandre Piboli, 33, duvida da eficácia. "Qual motociclista vai respeitar a faixa se eles têm prazo para cumprir?"
Um atropelamento com uma motocicleta, por vota das 8h, já com a faixa preferencial na Rebouças, feriu a entregadora de panfletos Joana D'Arc Macedo Silva, 21, que prestava serviços para a CET. O motociclista Manuel Leite de Oliveira, 45, feriu a perna. Ela estava em observação no Hospital das Clínicas com um corte na cabeça. Às 12h25, o motociclista Wesley Pereira, 34, caiu, também na Rebouças, e quebrou a perna.


Colaborou o "Agora"

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