São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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"Sempre era o mais zoado da turma no meu colégio"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Ao trocar de colégio para ser aceito pelos colegas de ensino médio, o aeroviário carioca Leandro Marques, 22, adotou por muito tempo um personagem sério, calado e durão, bem diferente de seu perfil. Na antiga escola, ele foi constantemente alvo de piadas e agressões por ser gay.
"Eu sempre era o mais zoado da turma. Todo mundo me xingava, jogava bolinha de papel em mim. Escondiam meus livros e me davam apelidos grosseiros. Eu não chorava de jeito nenhum. Ignorava até não poder mais. Aí, quando o limite chegava, procurava os professores e a diretoria. Hoje noto que nem mesmo entre eles encontrava apoio. Muitos fingiam que não viam a maldade e a homofobia ao meu redor."
Na saída do colégio, alguns meninos mais velhos costumavam se reunir e o obrigavam a passar por um "corredor polonês", recebendo tapas e pontapés. "Eu não escapava nunca e sempre me machucava. Nunca vou me esquecer da diretora dizendo que não poderia fazer nada porque ele acontecia do portão da escola para fora."
Às vezes, até os professores participavam das gozações. Na sétima série, os alunos comentaram que o aniversário dele é no dia 24. "Até a professora fez a clássica piadinha sobre o número 24 ser, no jogo do bicho, o número do veado."


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