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"Sempre era o mais zoado da turma no meu colégio"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Ao trocar de colégio para ser
aceito pelos colegas de ensino
médio, o aeroviário carioca
Leandro Marques, 22, adotou
por muito tempo um personagem sério, calado e durão, bem
diferente de seu perfil. Na antiga escola, ele foi constantemente alvo de piadas e agressões por ser gay.
"Eu sempre era o mais zoado
da turma. Todo mundo me xingava, jogava bolinha de papel
em mim. Escondiam meus livros e me davam apelidos grosseiros. Eu não chorava de jeito
nenhum. Ignorava até não poder mais. Aí, quando o limite
chegava, procurava os professores e a diretoria. Hoje noto
que nem mesmo entre eles encontrava apoio. Muitos fingiam
que não viam a maldade e a homofobia ao meu redor."
Na saída do colégio, alguns
meninos mais velhos costumavam se reunir e o obrigavam a
passar por um "corredor polonês", recebendo tapas e pontapés. "Eu não escapava nunca e
sempre me machucava. Nunca
vou me esquecer da diretora dizendo que não poderia fazer
nada porque ele acontecia do
portão da escola para fora."
Às vezes, até os professores
participavam das gozações. Na
sétima série, os alunos comentaram que o aniversário dele é
no dia 24. "Até a professora fez
a clássica piadinha sobre o número 24 ser, no jogo do bicho, o
número do veado."
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