São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007

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Tripulantes da TAM cobram redução da carga de trabalho

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionários da TAM que se reuniram ontem para ouvir o presidente da empresa, Marco Antônio Bologna, na sede da ATT (Associação dos Tripulantes da TAM), prometiam ao fim do encontro entrar com processos na Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) para reduzir a sobrecarga de trabalho a que, dizem, são submetidos.
"Deixe sair o resultado dessa investigação que a gente, junto com a associação [dos tripulantes da TAM], vai encaminhar um processo à Anac exigindo mudanças nas condições de trabalho. A opinião pública está sensibilizada", dizia um comandante de Airbus-A320 a dois colegas após a reunião.
Bologna convocou ontem reunião com os tripulantes, na zona sul de São Paulo. O encontro, segundo a assessoria de imprensa da companhia, teve o propósito de "levar a solidariedade do presidente aos tripulantes" -31 funcionários da TAM morreram no acidente ocorrido há oito dias.
A reunião começou às 14h30 e foi até as 15h15. Segundo um comissário de bordo que não quis ser identificado (todos os tripulantes e pessoal de terra da empresa estão proibidos de dar declarações à imprensa), o presidente da TAM garantiu que não haverá demissões dos cerca de 2.500 tripulantes, mesmo com a diminuição dos vôos em Congonhas.
Anteontem, José de Anchieta Hélcias, do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) e representante da TAM em Brasília, previu que as empresas aéreas demitirão até 30% de seus funcionários.
Segundo o discurso de Bologna aos funcionários da TAM ontem, as equipes com base em São Paulo poderão ser transferidas para Campinas, que já recebe parte dos vôos que aterrissariam em Congonhas.
Na reunião, além de comandantes de Airbus-A320, modelo que se chocou contra o prédio da TAM Express, havia tripulantes de outras aeronaves operadas pela TAM, como Airbus-A330 (que voa para Paris), Fokker-100 (que foi substituído pelo Airbus-A320 na ponte aérea Rio-São Paulo) e MD-11, da McDonnell Douglas. Este último faz parte das rotas internacionais desde fevereiro.
"Vôos regulamentados." A expressão foi ouvida seguidas vezes pela Folha. Designa, ao contrário do que parece, vôos feitos além da carga horária máxima de trabalho permitida para tripulantes, segundo regulamentação internacional.
Um co-piloto de Fokker-100, ao conversar com um co-piloto de Airbus-A320, relatava a situação vivida: "Quando me convocaram para um [vôo] regulamentado, eu falei com a [atendente da] escala: "Eu não vou comparecer ao vôo'".
"E ela disse: "Ok, comandante. Eu vou colocar aqui um "NC" [não compareceu], e você se reporta à chefia". É muita pressão." Procurada para comentar, a assessoria de imprensa da TAM não se pronunciou.


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