São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007

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mercado

Caos aéreo já fez cair ganho das empresas

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

O caos aéreo dos últimos meses que culminou com o acidente da TAM na semana passada já vinha diminuindo a receita das companhias em 2007.
Mas ainda não existe consenso no mercado sobre qual estratégia as empresas irão adotar agora (subir ou baixar tarifas) para reverter o quadro.
Segundo cálculos da corretora Planner, o ganho por passageiro por assento na TAM caiu de R$ 0,28 a cada quilômetro voado no primeiro trimestre de 2006 para R$ 0,24 em igual período deste ano. No segundo trimestre de 2007, foi para R$ 0,20.
Para a Gol, o ganho caiu de R$ 0,27 por quilômetro no primeiro trimestre de 2006 para R$ 0,18 no segundo trimestre de 2007.
Segundo analistas, a redução foi provocada tanto pela agressividade da Gol em sua política de tarifas, que forçou a TAM a reagir, quanto pela menor demanda por vôos devido ao caos do sistema aéreo.
Diante de mais um golpe (o acidente em Congonhas), a dúvida agora é como as empresas reagirão para diminuir prejuízos, manter rotas e horários e não "bater lata", ou seja, voar com aviões vazios.
Se aumentarem os preços, podem afugentar ainda mais quem já não está propenso a voar, ficando mais dependentes da demanda de passageiros que viajam a negócios.
Se reduzirem as tarifas, podem garantir aviões mais cheios, mas obtendo lucro menor ou prejuízo -não recuperando o tombo nos preços das ações nos últimos dias.
O cenário do aeroporto de Congonhas esvaziado e sem conexões, como aventou o governo, seria mais um agravante.
Segundo Alessandro Oliveira, o Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), realizou pesquisa de preços futuros nos sites das empresas aéreas e ainda não encontrou alterações significativas nos valores.
"Não há ainda sinal claro de aumento de preços nos vôos saindo de Congonhas", diz Oliveira.
"Nesta fase de transição, as companhias vão deixar de ganhar dinheiro. No médio e longo prazos, não vai ter efeito nenhum porque elas serão obrigadas a manter preços baixos por conta da competitividade", acredita Claudio Jorge Alves, também especialista do ITA.
O maior risco para o consumidor seria as empresas adotarem uma redução da oferta de vôos combinada com preços elevados, tentando manter a margem de lucro em cima de quem não tem como deixar de pegar avião.
Para Lúcia Helena Salgado, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a falta de regulação pode contribuir para aumentos de tarifa no curto prazo.
"Como não existe regulação adequada, elas podem tentar manter suas elevadíssimas margens de lucro", disse.


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