São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/RESGATE

Prédio vira aula de tragédia para bombeiros

Oficiais aproveitam cenário do acidente para ensinar a colegas técnicas de busca e resgate em estruturas que desabaram

Corporação também testou cães, treinados para farejar corpos em decomposição, para encontrar vítimas que foram carbonizadas

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Treinados em escolas de países habituados a catástrofes naturais, como Nicarágua e Peru, oficiais do Corpo de Bombeiros aproveitam o cenário da tragédia de Congonhas para passar aos colegas técnicas de Brec (Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas).
No início da tarde de ontem, 14 bombeiros-alunos chegaram ao local com a missão de, em três dias, aprofundar conhecimentos sobre resgate em estruturas caóticas, como prédios desabados.
"Os homens aqui serão preparados, por exemplo, para escoramento de emergência [de estruturas, como paredes, que correm risco de cair] usando [vigas e placas de] madeira, e penetração de estruturas [frestas entre lajes de concreto, por exemplo]", diz o capitão Valdir Pavão, 41 anos, bombeiro há 18, que fez seu treinamento em áreas afetadas por terremotos em cidades peruanas.
As aulas de como agir em tragédias do gênero deverão acontecer no local até amanhã. "O objetivo é que, num possível outro acidente, [os bombeiros] estejam mais preparados para socorrer vítimas e retirar corpos, que são duas prioridades", diz Pavão.
A utilização de cães na busca por corpos, desde sábado, também foi uma experiência de treinamento. O Corpo de Bombeiros queria saber se os labradores, treinados para farejar corpos em decomposição, também conseguiriam encontrar vítimas carbonizadas.
As cadelas Dara, Anny, Dora (que atuaram no acidente do metrô de Pinheiros, em janeiro) e o filhote Rick foram treinados com sacolas usadas para transportar corpos (o cheiro da carbonização estava impregnado) e conseguiram reconhecer alguns fragmentos.
Passada uma semana do acidente com o avião da TAM, os bombeiros ainda não sabem quando terminarão sua missão no prédio. Ontem, o trabalho foi de perfurar e quebrar lajes, para depois retirar entulho e abrir caminho para buscar fragmentos de corpos. A chuva em alguns momentos da tarde atrasou a tarefa, deixando os escombros mais escorregadios.
Pelas crateras formadas nas paredes, é possível entrever móveis do prédio da TAM Express: mesas, cadeiras, armários. Muitos inteiros. Quase tudo em preto.


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