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Obras de arte nas ruas não atraem apoio de empresas
Monumentos, estátuas, bustos e painéis aguardam "adoção" privada
De 400 obras na cidade de São Paulo, apenas 33 estão sob adoção, sendo que 30 delas por uma só empresa, a Votorantim
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
Elas têm valor artístico,
histórico e turístico e estão
em áreas de grande circulação de pessoas, mas agonizam a céu aberto, à vista do
poder público e sob o desinteresse da iniciativa privada.
São Paulo tem cerca de
400 obras de arte (monumentos, esculturas, estátuas,
bustos, painéis e outros) em
praças, parques e vias públicas, mas a maioria espera há
anos por uma restauração.
Criado em 1994, o programa Adote uma Obra Artística
visava dividir com a iniciativa privada a restauração e
conservação dessas obras,
mas hoje só 33 estão sob a
guarda de alguma empresa.
O fiasco seria maior se o
grupo Votorantim não tivesse, em 2008, assumido 30
obras, como o Monumento
às Bandeiras (Ibirapuera).
Há três motivos para o desinteresse privado: a falta de
incentivos fiscais (que turbinam o marketing cultural das
empresas), a Lei Cidade Limpa (que limita a exploração
publicitária da restauração) e
o alto risco da manutenção.
Boa parte das obras fica
em áreas centrais, degradadas ou desprotegidas, como
Sé, República e Luz, sob a
ameaça de depredação, furto, pichação e mau uso por
moradores de rua e viciados.
"Não adianta recuperar
um monumento e, depois,
vai alguém lá e monta uma
barraca", diz Francisco Zorzete, diretor da Companhia
de Restauro, que tem mais de
cem restaurações na cidade.
Como outros envolvidos
na questão, ele defende mudanças na lei e maior participação do poder público.
A maior parte das obras
adotadas está em boas condições, como as esculturas da
praça Dom José Gaspar (República). Outras já têm pichações, como a estátua de
Anchieta (Sé) e a escultura
Amor Materno (Arouche).
A prefeitura restaurou algumas esculturas (as últimas
em 2008), mantém uma rotina de limpezas e definiu uma
lista de 25 obras prioritárias,
que serão restauradas nem
que seja com verba pública.
A primeira será a Fonte
Monumental, na praça Júlio
de Mesquita (República), cujo projeto está sendo contratado. O custo da restauração
deve superar R$ 350 mil.
Depois, vem o monumento Amizade Sírio-Libanesa,
na região da rua 25 de Março
-mesmo com a praça toda
gradeada, a obra foi pichada
e teve partes arrancadas.
Segundo a Secretaria da
Cultura, muitas obras são
conservadas só com limpeza
sistemática. "Outras, pelas
dimensões, condições de exposição às intempéries e material, exigem cuidados especiais" e "grandes cifras".
FOLHA.com
Veja a lista das obras
adotadas e prioritárias
folha.com.br/ct771943
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