São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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Setor privado vai apoiar se lei mudar, diz empresário

Para docente, obras são escola a céu aberto

DE SÃO PAULO

A iniciativa privada vai se interessar pela restauração das obras de arte espalhadas por São Paulo se houver incentivo fiscal, abertura para explorar a marca e maior participação do poder público.
"Sem dúvida, o incentivo é fundamental. Por que não flexibilizar a antiga Lei Mendonça [lei estadual de incentivo cultural], hoje definhada no uso pela cidade, para, em vez de desconto de 70% no ISS e IPTU, passarmos a 50%?", questiona Sérgio Ajzenberg, sócio-diretor da Divina Comédia, especializada em marketing cultural.
Com um portfólio que inclui Telefônica, Credicard, Banco do Brasil e Volkswagen, Ajzenberg diz que a adoção de obras artísticas deveria ter resultados melhores.
"Estamos diante de um projeto ganha-ganha. Quando este movimento não dá certo, algo está errado."
Mesma opinião tem Francisco Zorzete, diretor da Companhia de Restauro, que adotou o Monumento a Garcia Lorca, na praça das Guianas, e fez as restaurações patrocinadas pela Votorantim.
Ele defende a flexibilização da Lei Cidade Limpa, que limita hoje a colocação de placas de, no máximo, 80 cm x 60 cm. "A única contrapartida da prefeitura é a placa, que, com o advento da Lei Cidade Limpa, ficou pequena."
Ajzenberg sugere uma "troca". "Por que não flexibilizar a Cidade Limpa para que os colaboradores assumam os relógios desativados da cidade e passem a ter seus logotipos estampados?".
Zorzete também acha necessário integrar o poder público ao esforço. "A escultura não está isolada, ela está em um contexto, é preciso integrar esforços. A empresa privada restaura, outra empresa adota a praça, a prefeitura ilumina a praça, o assistente social vai ao local", afirma.
Para Percival Tirapeli, professor de história da arte brasileira na Unesp, o poder público deveria olhar essas obras como instrumento na educação da população.
Para ele, além de representar personagens importantes da história, elas também espelham um pouco da pluralidade na formação da cidade. "A diversidade de monumentos nesta cidade deveria ser encarada pelas autoridades como uma escola pública a céu aberto, uma leitura constante a ser compreendida pela população", diz.

FOLHA.com
Percival Tirapeli analisa os monumentos de SP
folha.com.br/ct771945


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