São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Quadrilhas usam "firmas de aluguel" para dar golpes

Por até R$ 500, ladrões alugam empresas para enganar os fornecedores

Em Minas, dois sócios compraram produtos têxteis e deram prejuízo de quase R$ 8 milhões; foram 3.486 calotes

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

O cliente se aproxima do empresário e mostra interesse. Fecha contrato, compra produtos e paga sem pechincha nem barganha de prazo. Depois, repete o negócio.
Na terceira vez, o cliente, já "amigo", compra um volume maior e pede um prazo bem longo para pagar. De olho no lucro, o empresário aceita. Mas, dessa vez, o cliente susta cheques ou emite falsas duplicatas de pagamento e "some da praça".
O golpe acima ainda é um dos mais praticados contra empresas, principalmente de pequeno e médio portes das regiões Sudeste e Sul do país.
Em Minas Gerais, um "grupo" de nove empresas, de dois sócios do interior, comprou produtos têxteis e pagou por sete meses. Depois, deixou prejuízo a fornecedores de quase R$ 8 milhões. Eles deram 3.486 calotes.
Em dezembro, outra "empresa" de materiais de construção, do Rio Grande do Sul, passou a fazer compras em segmentos distintos. Chamou a atenção pelas mudanças que fazia em sua razão social, quadro de sócios e endereço. Em maio, apareceram empresários lesados que deixaram de receber.

EMPRESÁRIOS AFOITOS
Quando a economia aquece, empresários afoitos em pôr dinheiro em caixa deixam de lado cuidados básicos, dizem especialistas de crédito e prevenção a golpes.
"Falsários tratam de comprar empresas legalmente constituídas, inativas ou com pouca movimentação, interessados no nome e no CNPJ antigo, sem dívidas na praça, o que possibilita empréstimos e aquisições de bens", diz a delegada Catarina de Sena Buque, titular da Delegacia de Estelionato do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado.
Segundo a delegada, não há uma quadrilha específica, mas vários golpes praticados em circunstâncias parecidas.
Por até R$ 500 é possível comprar ou alugar uma empresa para dar golpes, segundo a Folha apurou com advogados de clientes lesados.
As implicações para aqueles que vendem as empresas ou têm seus dados clonados resultam quase sempre em processos até que o primeiro dono da empresa inativa prove que foi vítima de golpe.

PREJUÍZO MAIOR EM 2010
De janeiro a maio, os setores de prevenção a golpes e fraudes das duas maiores empresas que atuam nesse mercado -a Serasa Experian e a Boa Vista Serviços (administra o SCPC, serviço central de proteção ao crédito)- registraram R$ 93 milhões de perdas causadas por 15.916 empresas "fraudulentas".
Em 2010, os prejuízo foram de R$ 290 milhões -35% a mais do que no ano anterior.
As empresas mais afetadas são as do comércio, que vendem mercadorias de fácil aceitação no mercado, como vestuário, eletroeletrônicos e produtos de informática, além material de construção.


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