São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUIANDO NO ESCURO

Previsão é que prefeitura faça reposição até amanhã; material levado neste ano já supera todo o ano passado

Furto deixa túnel da Nove de Julho sem luz

FLÁVIA MANTOVANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O furto de cabos de energia deixa parte do túnel da avenida Nove de Julho (centro de SP) às escuras.
Foram levados, entre domingo e segunda, 250 metros de fios do túnel Daher Elias Cutait, que passa sob a avenida Paulista. O material da fiação, o cobre, é derretido e vendido pelos ladrões.
Para não ficar às escuras, o motorista deve acender os faróis. No sentido Itaim Bibi, a primeira metade da via está completamente sem luz. No sentido centro, ocorre "breu" na segunda metade.
O consultor de trânsito Roberto Scaringella diz que a redução da luminosidade aumenta o risco de acidentes. "Ver e ser visto é essencial para a segurança no trânsito. Por isso existe iluminação veicular e viária. Quando você diminui a luz, há mais risco de acidentes."
Marcos Thobias, coordenador de manutenção de túneis da Siurb (Secretaria de Infra-Estrutura Urbana), explica que o maior incômodo acontece durante o dia. "O motorista passa da claridade forte do sol para um lugar muito escuro, e isso causa choque visual."
Os cabos furtados são da AES Eletropaulo, mas, segundo Juliano Gonçalves, gerente de distribuição subterrânea da empresa, os barramentos de cobre de um dos painéis do túnel, pertencentes à Siurb, também sumiram.
Segundo ele, técnicos foram ao local, mas só poderão dar prazo para o conserto quando a secretaria reparar o painel. Marcos Thobias, da Siurb, afirma que o órgão tentará fazer o reparo até amanhã.

Mais casos
Em todo o ano passado, segundo a Siurb, 30 mil metros de fiação e 25 luminárias foram levados em túneis da cidade, em 49 ocorrências. Neste ano, até agora, houve 31 ocorrências, com 75 luminárias e 45 mil metros de cabos furtados.
O túnel que passa sob a praça Roosevelt (centro), na Ligação Leste-Oeste, é um dos que possuem maior incidência de vandalismos. A Siurb deve instalar na semana que vem "gaiolas" de ferro para proteger as luminárias do local. Uma das passagens do túnel, que leva até a rua da Consolação, está totalmente apagada.
Existente há 20 anos no Estado de São Paulo, a Delegacia de Furtos de Fios prendeu, nos últimos dois anos, mais de 500 pessoas. Dos presos, de 15% a 20% são receptadores, geralmente donos de ferros-velhos. "É um círculo vicioso: o ferro-velho vende o material roubado para empresas de beneficiamento, que o transforma em lingotes, que acabam chegando às próprias empresas que fabricam os fios", diz o delegado titular, Valter Sérgio de Abreu.
Dados da delegacia indicam que cresceu no último ano o número de presos por furto de fios com conhecimento sobre fiação, geralmente funcionários ou ex-funcionários de empresas da área.


Texto Anterior: Outro lado: Dedetizadoras vão contestar decisão da Anvisa
Próximo Texto: Jogo do bicho: Chefe de polícia volta a ser julgado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.