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GUIANDO NO ESCURO
Previsão é que prefeitura faça reposição até amanhã; material levado neste ano já supera todo o ano passado
Furto deixa túnel da Nove de Julho sem luz
FLÁVIA MANTOVANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O furto de cabos de energia deixa parte do túnel da avenida Nove
de Julho (centro de SP) às escuras.
Foram levados, entre domingo
e segunda, 250 metros de fios do
túnel Daher Elias Cutait, que passa sob a avenida Paulista. O material da fiação, o cobre, é derretido
e vendido pelos ladrões.
Para não ficar às escuras, o motorista deve acender os faróis. No
sentido Itaim Bibi, a primeira metade da via está completamente
sem luz. No sentido centro, ocorre "breu" na segunda metade.
O consultor de trânsito Roberto
Scaringella diz que a redução da
luminosidade aumenta o risco de
acidentes. "Ver e ser visto é essencial para a segurança no trânsito.
Por isso existe iluminação veicular e viária. Quando você diminui
a luz, há mais risco de acidentes."
Marcos Thobias, coordenador
de manutenção de túneis da Siurb
(Secretaria de Infra-Estrutura Urbana), explica que o maior incômodo acontece durante o dia. "O
motorista passa da claridade forte
do sol para um lugar muito escuro, e isso causa choque visual."
Os cabos furtados são da AES
Eletropaulo, mas, segundo Juliano Gonçalves, gerente de distribuição subterrânea da empresa,
os barramentos de cobre de um
dos painéis do túnel, pertencentes
à Siurb, também sumiram.
Segundo ele, técnicos foram ao
local, mas só poderão dar prazo
para o conserto quando a secretaria reparar o painel. Marcos Thobias, da Siurb, afirma que o órgão
tentará fazer o reparo até amanhã.
Mais casos
Em todo o ano passado, segundo a Siurb, 30 mil metros de fiação
e 25 luminárias foram levados em
túneis da cidade, em 49 ocorrências. Neste ano, até agora, houve
31 ocorrências, com 75 luminárias
e 45 mil metros de cabos furtados.
O túnel que passa sob a praça
Roosevelt (centro), na Ligação
Leste-Oeste, é um dos que possuem maior incidência de vandalismos. A Siurb deve instalar na
semana que vem "gaiolas" de ferro para proteger as luminárias do
local. Uma das passagens do túnel, que leva até a rua da Consolação, está totalmente apagada.
Existente há 20 anos no Estado
de São Paulo, a Delegacia de Furtos de Fios prendeu, nos últimos
dois anos, mais de 500 pessoas.
Dos presos, de 15% a 20% são receptadores, geralmente donos de
ferros-velhos. "É um círculo vicioso: o ferro-velho vende o material roubado para empresas de beneficiamento, que o transforma
em lingotes, que acabam chegando às próprias empresas que fabricam os fios", diz o delegado titular, Valter Sérgio de Abreu.
Dados da delegacia indicam que
cresceu no último ano o número
de presos por furto de fios com
conhecimento sobre fiação, geralmente funcionários ou ex-funcionários de empresas da área.
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