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JOGO DO BICHO
Álvaro Lins havia sido absolvido de acusação de receber suborno
Chefe de polícia volta a ser julgado
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Álvaro Lins,
37, voltará a ser julgado pela acusação de ter recebido dinheiro da
cúpula do jogo do bicho na primeira metade da década de 90.
O julgamento em que Lins foi
absolvido, realizado em 1998 na
Auditoria Militar do Estado, deixou de ter validade, de acordo
com decisão da 3ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) do
Rio de Janeiro. A sentença de absolvição foi tornada nula. Lins terá que voltar ao banco dos réus
para um novo julgamento.
O nome do hoje delegado, à
época tenente da Polícia Militar,
constava de livros contábeis
apreendidos pelo Ministério Público Estadual em um escritório
controlado pelo bicheiro Castor
de Andrade (1926-1997) em Bangu (zona oeste). A apreensão
ocorreu em 30 de março de 1994.
Lins trabalhava, então, no 23º
Batalhão de Polícia Militar, no Leblon (zona sul). Apesar de denunciado, ele foi promovido a capitão
na década de 90, antes de deixar a
PM e prestar concurso para delegado da Polícia Civil, em 1998.
A nomeação de Lins para o cargo de chefe da Polícia Civil ocorreu em novembro de 2000, na gestão do então governador Anthony
Garotinho. A governadora Rosinha Matheus (PMDB) o reconduziu, em no ano passado, ao posto.
No julgamento da Auditoria
Militar, Lins era um dos 44 réus,
todos oficiais da PM. O julgamento começou em 30 de abril de
1994. Só acabou no dia seguinte.
Foram condenados 22 PMs. O
Conselho de Justiça da Auditoria
Militar inocentou os demais réus,
incluindo Lins, da acusação de receber dinheiro dos bicheiros.
Como o Ministério Público e os
condenados recorreram à segunda instância do Judiciário, a ação
teve prosseguimento. No dia 25
de março deste ano, a 3ª Câmara
Criminal do TJ, por dois votos a
um, determinou a nulidade do
julgamento da Auditoria. O julgamento terá que ser refeito pela
primeira instância.
Lins disse que se sente incomodado com a anulação do julgamento, mas que, por ter sido absolvido em 1998, está tranqüilo.
"Lógico que isso incomoda.
Tanto tempo já passou. Mas fico
tranqüilo. Já fui absolvido por
unanimidade, por 5 a 0."
Lins disse não ter decidido ainda se recorrerá da decisão.
O chefe de Polícia Civil disse que
seu nome só aparece na lista de
Castor de Andrade a partir de janeiro de 1993.
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