São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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JOGO DO BICHO

Álvaro Lins havia sido absolvido de acusação de receber suborno

Chefe de polícia volta a ser julgado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Álvaro Lins, 37, voltará a ser julgado pela acusação de ter recebido dinheiro da cúpula do jogo do bicho na primeira metade da década de 90.
O julgamento em que Lins foi absolvido, realizado em 1998 na Auditoria Militar do Estado, deixou de ter validade, de acordo com decisão da 3ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio de Janeiro. A sentença de absolvição foi tornada nula. Lins terá que voltar ao banco dos réus para um novo julgamento.
O nome do hoje delegado, à época tenente da Polícia Militar, constava de livros contábeis apreendidos pelo Ministério Público Estadual em um escritório controlado pelo bicheiro Castor de Andrade (1926-1997) em Bangu (zona oeste). A apreensão ocorreu em 30 de março de 1994.
Lins trabalhava, então, no 23º Batalhão de Polícia Militar, no Leblon (zona sul). Apesar de denunciado, ele foi promovido a capitão na década de 90, antes de deixar a PM e prestar concurso para delegado da Polícia Civil, em 1998.
A nomeação de Lins para o cargo de chefe da Polícia Civil ocorreu em novembro de 2000, na gestão do então governador Anthony Garotinho. A governadora Rosinha Matheus (PMDB) o reconduziu, em no ano passado, ao posto.
No julgamento da Auditoria Militar, Lins era um dos 44 réus, todos oficiais da PM. O julgamento começou em 30 de abril de 1994. Só acabou no dia seguinte. Foram condenados 22 PMs. O Conselho de Justiça da Auditoria Militar inocentou os demais réus, incluindo Lins, da acusação de receber dinheiro dos bicheiros.
Como o Ministério Público e os condenados recorreram à segunda instância do Judiciário, a ação teve prosseguimento. No dia 25 de março deste ano, a 3ª Câmara Criminal do TJ, por dois votos a um, determinou a nulidade do julgamento da Auditoria. O julgamento terá que ser refeito pela primeira instância.
Lins disse que se sente incomodado com a anulação do julgamento, mas que, por ter sido absolvido em 1998, está tranqüilo.
"Lógico que isso incomoda. Tanto tempo já passou. Mas fico tranqüilo. Já fui absolvido por unanimidade, por 5 a 0."
Lins disse não ter decidido ainda se recorrerá da decisão.
O chefe de Polícia Civil disse que seu nome só aparece na lista de Castor de Andrade a partir de janeiro de 1993.


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