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VERDE DESBOTADO
Em área equivalente a 14 campos de futebol foram plantadas 300 mudas para a inauguração, no domingo
Alckmin amplia "semi-árido" em parque
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao longo de sua caminhada no
parque Villa-Lobos, a secretária
Rita Bozzo, 36, não sofre com o
exercício em si, mas com a falta de
sombra no trajeto sob uma temperatura de quase 30C.
Criado em uma área onde antes
havia um aterro, a falta de vegetação sempre foi uma das grandes
reclamações dos usuários do parque na zona oeste paulistana. No
próximo domingo, o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), inaugura uma área de
100 mil m2 no local (tamanho de
14 campos de futebol), mas o clima "inóspito" deve permanecer.
Foram plantadas até agora 300
árvores na área -haverá o equivalente a uma árvore a cada 333
m2. A Secretaria de Estado do
Meio Ambiente disse que mais
cem serão colocadas -haveria
uma árvore a cada 250 m2.
No parque Ibirapuera (zona sul
de SP), por exemplo, existe aproximadamente uma árvore para
cada 105 m2. No cálculo dessa média estão incluídas também as
construções, como a Bienal, a
Oca, o MAC (Museu de Arte Contemporânea) e a marquise.
"Na minha opinião, o parque
tem grande carência de sombra.
Deveria ter também mais bebedouro para os usuários agüentarem o calor", diz a secretária Rita.
Outro problema da falta de verde é a quantidade de vento na área
descampada. "Outro dia, fui tomar água no bebedouro e não
consegui porque ela era desviada
pelo vento", disse o estudante
Fernando Nakashima, 21.
Por enquanto, as mudas da nova área, de baixa estatura, quase
não aparecem. As palmeiras são
as que chamam mais a atenção.
Mas há também jabuticabeiras,
pitangueiras, ipês e sibipirunas.
Além de gramado com alguns
jardins, a área que será aberta tem
brinquedos para crianças, como
tanques de areia, e praças com
bancos. Antes, cerca de metade
do terreno era forrada por asfalto
e não havia um uso definido.
"Haverá uma área muito grande para uma árvore cobrir. Seria
importante se um número maior
de unidades fosse plantado no local, ainda mais se levarmos em
conta que o parque está na antiga
várzea do rio Pinheiros", afirmou
Caio Boucinhas, arquiteto e ex-diretor do Depave (Departamento
de Parques e Áreas Verdes), da
Prefeitura de São Paulo.
Segundo ele, para a realização
de arborização em ruas, ou quando as mudas ficam isoladas, o
ideal é plantar árvores já com cerca de três metros. A maioria das
árvores vistas pela Folha no parque Villa-Lobos é menor.
Já no caso de bosques, as árvores podem ser pequenas porque
umas ajudam as outras a crescer,
explica Boucinhas.
O bosque existente no Villa-Lobos levou 15 anos para ter árvores
grandes, segundo a diretora do
departamento de projetos de paisagem da Secretaria de Estado do
Meio Ambiente, Helena Carrascosa. Ela acredita que, desta vez, o
crescimento será mais rápido em
razão do preparo feito no plantio.
O diretor-executivo do movimento Defenda São Paulo, Cândido Malta, disse que a entidade
considera positiva essa ação do
Estado de ampliar o parque, mas
defende que haja um plantio rápido de árvores, já que elas demoram a ficar grandes. "Não é caro."
O consultor Marco Galvão, 42,
vê uma melhora gradativa do parque. "Era um deserto de concreto.
Agora já melhorou um pouco."
Ainda faltam 232 mil m2 para o
Villa-Lobos ter toda sua extensão
liberada ao público. Já começou a
obra no local, que fica próximo à
marginal Pinheiros. Essa parte do
terreno deve ser aberta no início
de 2006 com ciclovias e bosque.
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