São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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VERDE DESBOTADO

Em área equivalente a 14 campos de futebol foram plantadas 300 mudas para a inauguração, no domingo

Alckmin amplia "semi-árido" em parque

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo de sua caminhada no parque Villa-Lobos, a secretária Rita Bozzo, 36, não sofre com o exercício em si, mas com a falta de sombra no trajeto sob uma temperatura de quase 30C.
Criado em uma área onde antes havia um aterro, a falta de vegetação sempre foi uma das grandes reclamações dos usuários do parque na zona oeste paulistana. No próximo domingo, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), inaugura uma área de 100 mil m2 no local (tamanho de 14 campos de futebol), mas o clima "inóspito" deve permanecer.
Foram plantadas até agora 300 árvores na área -haverá o equivalente a uma árvore a cada 333 m2. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente disse que mais cem serão colocadas -haveria uma árvore a cada 250 m2.
No parque Ibirapuera (zona sul de SP), por exemplo, existe aproximadamente uma árvore para cada 105 m2. No cálculo dessa média estão incluídas também as construções, como a Bienal, a Oca, o MAC (Museu de Arte Contemporânea) e a marquise.
"Na minha opinião, o parque tem grande carência de sombra. Deveria ter também mais bebedouro para os usuários agüentarem o calor", diz a secretária Rita.
Outro problema da falta de verde é a quantidade de vento na área descampada. "Outro dia, fui tomar água no bebedouro e não consegui porque ela era desviada pelo vento", disse o estudante Fernando Nakashima, 21.
Por enquanto, as mudas da nova área, de baixa estatura, quase não aparecem. As palmeiras são as que chamam mais a atenção. Mas há também jabuticabeiras, pitangueiras, ipês e sibipirunas.
Além de gramado com alguns jardins, a área que será aberta tem brinquedos para crianças, como tanques de areia, e praças com bancos. Antes, cerca de metade do terreno era forrada por asfalto e não havia um uso definido.
"Haverá uma área muito grande para uma árvore cobrir. Seria importante se um número maior de unidades fosse plantado no local, ainda mais se levarmos em conta que o parque está na antiga várzea do rio Pinheiros", afirmou Caio Boucinhas, arquiteto e ex-diretor do Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes), da Prefeitura de São Paulo.
Segundo ele, para a realização de arborização em ruas, ou quando as mudas ficam isoladas, o ideal é plantar árvores já com cerca de três metros. A maioria das árvores vistas pela Folha no parque Villa-Lobos é menor.
Já no caso de bosques, as árvores podem ser pequenas porque umas ajudam as outras a crescer, explica Boucinhas.
O bosque existente no Villa-Lobos levou 15 anos para ter árvores grandes, segundo a diretora do departamento de projetos de paisagem da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Helena Carrascosa. Ela acredita que, desta vez, o crescimento será mais rápido em razão do preparo feito no plantio.
O diretor-executivo do movimento Defenda São Paulo, Cândido Malta, disse que a entidade considera positiva essa ação do Estado de ampliar o parque, mas defende que haja um plantio rápido de árvores, já que elas demoram a ficar grandes. "Não é caro."
O consultor Marco Galvão, 42, vê uma melhora gradativa do parque. "Era um deserto de concreto. Agora já melhorou um pouco."
Ainda faltam 232 mil m2 para o Villa-Lobos ter toda sua extensão liberada ao público. Já começou a obra no local, que fica próximo à marginal Pinheiros. Essa parte do terreno deve ser aberta no início de 2006 com ciclovias e bosque.


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