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Acordo permite recuperar vila operária
Convênio a ser assinado hoje entre Prefeitura de SP e União era o entrave para reformar construções na Vila Maria Zélia
Município, com a posse de imóveis, deve dar oficinas de restauro nos edifícios erguidos entre 1912 e 1916, na região do Belenzinho
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vila Maria Zélia, a primeira
vila operária de São Paulo, poderá, enfim, ser restaurada.
Dois anos de negociação depois, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) cederá à
Prefeitura de São Paulo a posse,
por cinco anos, dos prédios de
uso social da vila. O convênio
será assinado hoje, às 9h, entre
o prefeito Gilberto Kassab
(PFL) e o ministro Nelson Machado (Previdência).
Os prédios de uso social são
os mais deteriorados da vila,
construída entre 1912 e 1916
pelo industrial Jorge Street
(1863-1939) para servir de moradia aos funcionários da sua
Companhia Nacional de Tecidos de Juta. São seis imóveis,
entre os quais escolas, armazéns e uma capela, todos em
processo de abandono -intensificado a partir da década de
80, quando o INSS, proprietários dos prédios, determinou
que eles fossem desocupados.
"Finalmente há uma luz no
fim do túnel. A situação está
bem precária. Está mais que
precária, está caótica", afirmou
o aposentado Edelcio Pereira
Pinto, nascido e criado na Maria Zélia. Ele prometeu cortar o
rabo-de-cavalo de sua cabeleira
grisalha se a vila for restaurada.
"Agora está mais perto."
Em 17 de abril, a Folha revelou que, sem perspectiva de solução do longo impasse entre
prefeitura e União, moradores
decidiram recuperar a capela
da vila por conta própria, de
modo irregular, sem aval de órgãos de preservação histórica.
Pelo convênio, a prefeitura
tem dois anos para elaborar um
projeto de recuperação dos
prédios, na região do Belenzinho (zona leste paulistana).
Com recursos em caixa, as
obras então começariam.
O prazo de cinco anos pode
ser renovado de modo indefinido, segundo Ricardo Thomaz,
assessor da Subprefeitura da
Mooca. Há, ainda, o compromisso do INSS de não alterar o
uso dos prédios se reassumi-los
-em caso de eventual encerramento do convênio.
Centro de inclusão
Com a posse da área, a prefeitura retomará o projeto de um
centro de capacitação na Vila
Maria Zélia. A proposta já tinha
verba da União Européia, mas a
Secretaria do Trabalho, sem
perspectiva de iniciá-la na vila
diante do imbróglio, decidiu
negociar a instalação em outro
local, ainda não definido.
Segundo a prefeitura, a idéia
é criar o centro na vila até 2009,
com ou sem apoio europeu. O
centro oferecerá aulas de restauro e reforma de imóveis. A
articulação ficará com as secretarias do Trabalho e da Cultura.
A assinatura do convênio entre município e Previdência
não inclui as casas da vila, de
propriedade dos moradores.
Das 258 originais, 171 permanecem, mas apenas quatro com
características originais.
A Vila Maria Zélia foi tombada em 1992 pelo Condephaat e
pelo Conpresp, os respectivos
conselhos do Estado e do município responsáveis pela preservação do patrimônio histórico.
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