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Homicídios aumentam em bairro tradicional
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Mapa da Exclusão/Inclusão
Social 2000 mostrou que o crescimento da violência e da exclusão
não ameaça apenas os moradores
da periferia de São Paulo.
Bairro tradicional do centro da
cidade, o Brás registrou o maior
aumento percentual de homicídios entre 1996 e 1999, 149%. Passou de 37,503 assassinatos por 100
mil habitantes para 93,47 mortes.
O bairro também concentra 11%
da população de rua da cidade.
A liderança do número de homicídios continua com o Jardim
Ângela (zona sul de São Paulo),
que registrou 116,23 assassinatos
por 100 mil habitantes em 1999. A
média do município foi de 66,89.
No Brás, conflitos entre vendedores ambulantes e brigas em bares por motivo fútil lideram as
causas dos assassinatos. No Jardim Ângela, o envolvimento com
o tráfico de drogas é o principal
responsável pelo assassinato de
99 jovens (entre 15 e 24 anos) no
ano passado.
O empobrecimento econômico
mudou a realidade do Brás. Em
dois anos, cerca de 3.000 lojas fecharam -20% do total-, segundo o presidente da associação de
comerciantes do bairro, Jorge Hamuche. "O PIB (Produto Interno
Bruto) caiu pela metade por causa
do comércio informal", disse.
O número de empregos no setor
do comércio caiu de 60 mil para
45 mil, segundo a entidade.
Hamuche afirmou que o crescimento da violência fez muitos
moradores mudarem do bairro.
Segundo dados da Exclusão/Inclusão, a população diminuiu
20% entre 1991 e 1996.
Em contrapartida, cresceu a população de rua do bairro, atraída
pelos albergues de entidades assistenciais. "Durante o dia, eles fazem bico na região", disse José
Luiz de Lima, coordenador da
Fraternidade Povo da Rua. A entidade filantrópica realiza uma
campanha contra a Aids entre os
moradores de rua.
Na rua há três anos, o pedreiro
desempregado Moisés Francisco
dos Santos, 31, não encontra hoje
a mesma facilidade em conseguir
uma vaga em um dos albergues.
Na última quinta-feira, Santos
estava na fila de espera de um
abrigo no Brás e não sabia se iria
conseguir a vaga. "O número de
pessoas morando na rua aumentou muitos nos últimos tempos",
afirmou o pedreiro, que saiu da
Bahia em busca de trabalho.
Quando tinha emprego temporário em uma fábrica, Santos conseguia alugar uma casa na Freguesia do Ó (região noroeste de São
Paulo). Agora, passa o dia procurando emprego e fazendo bicos.
O desemprego também está diretamente ligado aos números da
violência no Jardim Ângela, segundo o padre Jaime Crowe,
coordenador do Fórum em Defesa da Vida e Contra a Violência.
Segundo o padre, a implantação
da polícia comunitária no distrito
melhorou a segurança, mas não
resolveu o problema.
"Sem uma política social, a polícia só acaba empurrando a violência cada vez mais para a periferia", afirmou.
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