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TRANSPORTE
Viações e até a prefeitura deixam em circulação 85% dos veículos que, segundo vistoria, não têm condições de segurança
SP mantém nas ruas ônibus reprovado
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas de ônibus de São Paulo e a própria prefeitura mantêm
em circulação até hoje 783
-85%- dos 919 ônibus reprovados em vistoria há três meses.
Esses veículos tiveram notas
inadequadas do FEC (Fator de Estado de Carroceria), que avalia as
condições de segurança e conforto, e deveriam ter saído das ruas
ou passado por consertos.
A vistoria do FEC é feita pela
SPTrans -São Paulo Transporte,
órgão da prefeitura que cuida do
setor. Dos 919 reprovados, apenas
136 saíram de circulação, e nenhum deles foi reformado.
A SPTrans inabilitou inicialmente 301 ônibus, que ficaram
proibidos de operar a partir de 6
de julho. Na avaliação dos fiscais,
eles não podiam nem ser recuperados. Na época, as viações receberam 60 dias para reformar os
demais 618 ônibus, que, embora
reprovados na vistoria, ainda poderiam passar por melhorias. Se a
determinação não fosse cumprida, também seriam inabilitados.
Dos 301, 213 (71%) continuam
rodando nas viações São Judas,
Santa Bárbara e Parelheiros, nas
zonas sul e leste. Essas empresas
pertencem ao grupo Romero Niquini, mas tiveram seus contratos
rompidos no último dia 7 por
problemas na arrecadação. Desde
então, elas estão sob controle da
SPTrans, que mantém nas ruas os
veículos reprovados -que já vinham rodando por causa de uma
liminar obtida pelo empresário.
O prazo para a reforma dos 618
acabou no começo deste mês,
mas nenhum deles sofreu melhorias e apenas 48 (7,8%) foram retirados de operação. Cerca de 450
dos 570 que permanecem rodando pertencem a Niquini e estão,
agora, sob gerência da prefeitura.
Os demais 120 se distribuem entre
empresas de todas as regiões de
São Paulo, principalmente na sul.
Os 783 ônibus reprovados e que
continuam rodando representam
mais de 8% da frota operacional.
No começo de julho, quando os
primeiros 301 foram inabilitados,
a prefeitura informou que repassaria para os perueiros as linhas
dos não fossem reformados.
A diretora operacional da
SPTrans, Maria Olívia Aroucha,
afirmou ontem estar negociando
um novo prazo com os empresários. "Nós estamos em um período transitório em que às vezes
existe uma dificuldade maior para
exigir que eles reformem ou tirem
de operação alguns veículos."
Maria Olívia disse que, embora
tenham sido reprovados na vistoria de conforto e segurança, os
principais problemas desses ônibus não colocam em risco os passageiros. "A nossa avaliação é que
eles causam desconforto principalmente. São coisas na carroceria, janela, trepidação, banco."
A diretora afirmou que, nos últimos três meses, também foram
inabilitados 31 ônibus que não haviam sido vetados na vistoria. "A
gente tem tentado acompanhar e
indicar para baixar [retirar de circulação" os veículos que podem
comprometer a segurança."
Ela afirmou que a prefeitura
manteve nas ruas a frota de Niquini reprovada na vistoria porque "existe uma necessidade de
dar continuidade à operação" e
não há como substitui-los. "A frota é do Niquini, não vamos reformar os veículos. Como ele não está operando, ele também não vai
reformar os veículos para nós."
O Transurb (sindicato das viações) informou que os ônibus não
foram reformados por problemas
financeiros das empresas. O órgão diz que elas sofrem descontos
na remuneração e recebem multas por causa dos veículos em más
condições -informação não
confirmada pela SPTrans.
Colaborou DAGUITO RODRIGUES
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