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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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EDUCAÇÃO

Inadimplência chega a 30%; mantenedora diz que medida é temporária

Crise financeira faz Colégio S. Bento fechar as portas

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das escolas mais tradicionais de São Paulo anunciou ontem que fechará as portas em 2004. O Colégio São Bento, que completa cem anos de existência, cedeu à crise financeira que atinge a instituição há três anos. No colégio, estudaram pessoas célebres, como os políticos Prestes Maia e Franco Montoro e o escritor Oswald de Andrade.
A situação da instituição piorou neste ano, pois cerca de 30% dos estudantes não têm pago as mensalidades, que variam de R$ 380 a R$ 650. A inadimplência em anos anteriores ficava abaixo de 20% dos matriculados. O Colégio São Bento atende 240 crianças e adolescentes no ensino infantil, fundamental e médio.
A mantenedora, o Mosteiro São Bento, teve de aplicar recursos na entidade -o valor do investimento não foi divulgado. No entanto, em agosto, após uma reunião, os monges decidiram que não seria possível continuar as atividades da escola.
"Estávamos em xeque-mate. Ou continuávamos e teríamos de perder a qualidade de ensino. Ou cessávamos a prestação de serviços. No entanto diminuir a qualidade é intolerável", afirma dom Hildebrando, reitor do colégio. "Além disso, não poderíamos comprometer recursos de obras sociais emergenciais."
Ele diz que a decisão de cessar os serviços é temporária, mas admite que o processo de reorganização da escola pode levar anos.
Segundo ele, houve outro fator que condicionou a decisão: o colégio deveria rever o seu objetivo.
O cenário do centro da maior capital do país, onde está localizado o colégio, mudou muito nos últimos cem anos, diz ele. O mosteiro antes marcava os limites da cidade; hoje, está em meio a grandes instituições financeiras, como o Banco do Brasil e a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Ainda há a gradativa transferência dos órgãos estaduais e municipais para o centro, além da restauração da região. "Uma das hipóteses é pensar em formar uma elite, por exemplo, com os preceitos cristão e de vocação social", diz.
Atualmente, a instituição oferece bolsa de estudos a 30% dos seus alunos. Nos anos anteriores, a taxa de benefícios integrais e parciais era próxima de 50%.
Neste ano, a inadimplência no ensino privado de crianças e de adolescentes do país atingiu seu recorde histórico. Até julho, foi registrada uma média de 10,8% de inadimplência, segundo o Sieesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) e a Fiep (Federação Interestadual de Escolas de Particulares). A marca anterior era de 7%.


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