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EDUCAÇÃO
Inadimplência chega a 30%; mantenedora diz que medida é temporária
Crise financeira faz Colégio S. Bento fechar as portas
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das escolas mais tradicionais de São Paulo anunciou ontem que fechará as portas em
2004. O Colégio São Bento, que
completa cem anos de existência,
cedeu à crise financeira que atinge
a instituição há três anos. No colégio, estudaram pessoas célebres,
como os políticos Prestes Maia e
Franco Montoro e o escritor Oswald de Andrade.
A situação da instituição piorou
neste ano, pois cerca de 30% dos
estudantes não têm pago as mensalidades, que variam de R$ 380 a
R$ 650. A inadimplência em anos
anteriores ficava abaixo de 20%
dos matriculados. O Colégio São
Bento atende 240 crianças e adolescentes no ensino infantil, fundamental e médio.
A mantenedora, o Mosteiro São
Bento, teve de aplicar recursos na
entidade -o valor do investimento não foi divulgado. No entanto, em agosto, após uma reunião, os monges decidiram que
não seria possível continuar as
atividades da escola.
"Estávamos em xeque-mate. Ou
continuávamos e teríamos de
perder a qualidade de ensino. Ou
cessávamos a prestação de serviços. No entanto diminuir a qualidade é intolerável", afirma dom
Hildebrando, reitor do colégio.
"Além disso, não poderíamos
comprometer recursos de obras
sociais emergenciais."
Ele diz que a decisão de cessar os
serviços é temporária, mas admite que o processo de reorganização da escola pode levar anos.
Segundo ele, houve outro fator
que condicionou a decisão: o colégio deveria rever o seu objetivo.
O cenário do centro da maior
capital do país, onde está localizado o colégio, mudou muito nos
últimos cem anos, diz ele. O mosteiro antes marcava os limites da
cidade; hoje, está em meio a grandes instituições financeiras, como
o Banco do Brasil e a Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo).
Ainda há a gradativa transferência dos órgãos estaduais e municipais para o centro, além da restauração da região. "Uma das hipóteses é pensar em formar uma elite,
por exemplo, com os preceitos
cristão e de vocação social", diz.
Atualmente, a instituição oferece bolsa de estudos a 30% dos seus
alunos. Nos anos anteriores, a taxa de benefícios integrais e parciais era próxima de 50%.
Neste ano, a inadimplência no
ensino privado de crianças e de
adolescentes do país atingiu seu
recorde histórico. Até julho, foi
registrada uma média de 10,8% de
inadimplência, segundo o Sieesp
(Sindicato dos Estabelecimentos
de Ensino no Estado de São Paulo) e a Fiep (Federação Interestadual de Escolas de Particulares). A
marca anterior era de 7%.
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