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MARIA MANUEL NIETO CARBALLEIRA (1933-2008)
As malas e os Carnavais de Maruja
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia foi do Aquilino. Ele,
Maria e as malas desembarcaram no porto de Santos há
42 anos. Não tinham emprego garantido. "Tinham só as
malas", lembra o filho.
Vieram da Espanha com
destino a São Paulo. Aquilino
Lameiro Rey e sua mulher,
Maria Manuel Nieto Carballeira, moravam na Galícia,
numa área rural. Lá, divertiam-se nos Carnavais. Com
um custo: 30 km a pé só para
ir à cidade onde aconteciam
as festas. E os 30 km da volta.
Com três meses de Brasil,
Aquilino, que era mestre-de-obras, conseguiu emprego na
construção civil. Maria, apelidada de Maruja (pronunciado em espanhol, com o jota dito como um erre brando), foi trabalhar na Philips,
onde chegou ao cargo de gerente de produção -função
que abandonou quando nasceu o primeiro e único filho
do casal, em 1975.
Era encantada pelos Carnavais brasileiros. Adorava
os desfiles das escolas de
samba. Com a língua, não se
deu muito bem. Falava "portunhol" e ficava pê da vida
quando a chamavam de
"portuguesa", por confundirem-lhe a nacionalidade.
Antes de o marido morrer,
em 1999, Maruja dizia ter
vontade de voltar à Espanha,
onde gostaria de viver a velhice, por achar que lá os idosos tinham mais conforto.
Morreu na segunda, aos
75, de complicações cardíacas, em São Paulo. Deixou
um filho, dois netos e os animais de estimação que adorava: dois papagaios, dois cachorros e dois peixes.
obituario@folhasp.com.br
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