São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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MARIA MANUEL NIETO CARBALLEIRA (1933-2008)

As malas e os Carnavais de Maruja

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia foi do Aquilino. Ele, Maria e as malas desembarcaram no porto de Santos há 42 anos. Não tinham emprego garantido. "Tinham só as malas", lembra o filho.
Vieram da Espanha com destino a São Paulo. Aquilino Lameiro Rey e sua mulher, Maria Manuel Nieto Carballeira, moravam na Galícia, numa área rural. Lá, divertiam-se nos Carnavais. Com um custo: 30 km a pé só para ir à cidade onde aconteciam as festas. E os 30 km da volta.
Com três meses de Brasil, Aquilino, que era mestre-de-obras, conseguiu emprego na construção civil. Maria, apelidada de Maruja (pronunciado em espanhol, com o jota dito como um erre brando), foi trabalhar na Philips, onde chegou ao cargo de gerente de produção -função que abandonou quando nasceu o primeiro e único filho do casal, em 1975.
Era encantada pelos Carnavais brasileiros. Adorava os desfiles das escolas de samba. Com a língua, não se deu muito bem. Falava "portunhol" e ficava pê da vida quando a chamavam de "portuguesa", por confundirem-lhe a nacionalidade.
Antes de o marido morrer, em 1999, Maruja dizia ter vontade de voltar à Espanha, onde gostaria de viver a velhice, por achar que lá os idosos tinham mais conforto.
Morreu na segunda, aos 75, de complicações cardíacas, em São Paulo. Deixou um filho, dois netos e os animais de estimação que adorava: dois papagaios, dois cachorros e dois peixes.

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