São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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Ceagesp planeja "BBB" contra crack e prostituição

Direção quer instalar câmeras para "criar ambiente mais controlado"

Garotas se prostituem por R$ 20 e usuários de crack se alojam entre caixotes vazios nos arredores do entreposto

ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

A Ceagesp contratou um estudo visando à instalação de um sistema de monitoramento eletrônico por câmeras no interior e nos arredores do entreposto, na zona oeste de São Paulo.
"A ideia é instalarmos um sistema com tecnologia Wimax, sem fio", explica o presidente da Ceagesp, Mario Maurici. Hoje, a vigilância patrimonial é feita por 300 seguranças terceirizados.
Em um quadrilátero nos arredores da Ceagesp, garotas oferecem seus corpos por R$ 20, enquanto usuários de crack alojam-se entre caixotes vazios em ruas paralelas ou que cruzam a av. Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina.
"Assim como na região central, existem ali fatores que explicam a recente proliferação do crack", diz Margarida Yuda, coordenadora da Secretaria Municipal da Assistência Social na região.
Entre os ingredientes estão uma crescente população de rua, um mercado para prostituição alimentado por caminhoneiros, favelização e falta de policiamento.
No epicentro encontram-se os galpões da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Passam pela Ceagesp 50 mil pessoas e 10 mil veículos por dia.
O "BBB" da Ceagesp pode se tornar um aliado no combate aos supostos abusos cometidos nos estacionamentos espalhados pelas 44 "ruas" do entreposto. "Vamos criar um ambiente mais controlado", diz Maurici.
Outra medida em estudo é segregar os caminhões em um único estacionamento à noite, além de melhorar o sistema de iluminação.
A ideia é que o projeto de revitalização seja bancado por um fundo com recursos levantados entre os 2.500 permissionários.

PORTO SECO
Desde 2007, o Ministério Público do Trabalho (MPT) investiga exploração sexual de crianças e adolescentes na Ceagesp. No inquérito, a área é comparada às degradadas zonas portuárias.
"Trata-se de um porto seco dentro de São Paulo, cercado de prostituição e tráfico de drogas, numa situação bem parecida com a do porto de Santos", afirma a procuradora Cláudia Lovato.
Uma diferença para o cracolândia do centro são os novos condomínios de classe média que proliferam na área. Construtoras e moradores pressionam o poder público para "limpar" a região.
"A polícia tira os maloqueiros num dia, eles voltam no outro", diz Elaine Toledo, dona de uma papelaria.
Na tarde da última segunda-feira, um grupo de 15 usuários de crack dormia na calçada em frente às obras de novos edifícios.
Em abril, o MPT enviou pedido de policiamento ostensivo na região à Secretaria da Segurança Pública.
Segundo a delegada Elaine Biasoli, da 3ª Seccional da zona oeste, entre maio e julho foram feitos três flagrantes de tráfico na favelinha do Ceagesp. Foram apreendidas cerca de 130 pedras de crack, 110 envelopes de cocaína e 150 trouxinhas de maconha.
No conjunto Cingapura das imediações da Ceagesp, os "noias" ameaçam os carros que passam a velocidade baixa. "A polícia não entra na favela", diz Valter Santos, carregador no entreposto.


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