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Ceagesp planeja "BBB" contra crack e prostituição
Direção quer instalar câmeras para "criar ambiente mais controlado"
Garotas se prostituem por R$ 20 e usuários de crack se alojam entre caixotes vazios nos arredores do entreposto
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO
A Ceagesp contratou um
estudo visando à instalação
de um sistema de monitoramento eletrônico por câmeras no interior e nos arredores do entreposto, na zona
oeste de São Paulo.
"A ideia é instalarmos um
sistema com tecnologia Wimax, sem fio", explica o presidente da Ceagesp, Mario
Maurici. Hoje, a vigilância
patrimonial é feita por 300
seguranças terceirizados.
Em um quadrilátero nos
arredores da Ceagesp, garotas oferecem seus corpos por
R$ 20, enquanto usuários de
crack alojam-se entre caixotes vazios em ruas paralelas
ou que cruzam a av. Gastão
Vidigal, na Vila Leopoldina.
"Assim como na região
central, existem ali fatores
que explicam a recente proliferação do crack", diz Margarida Yuda, coordenadora da
Secretaria Municipal da Assistência Social na região.
Entre os ingredientes estão uma crescente população
de rua, um mercado para
prostituição alimentado por
caminhoneiros, favelização e
falta de policiamento.
No epicentro encontram-se os galpões da Companhia
de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo. Passam
pela Ceagesp 50 mil pessoas
e 10 mil veículos por dia.
O "BBB" da Ceagesp pode
se tornar um aliado no combate aos supostos abusos cometidos nos estacionamentos espalhados pelas 44
"ruas" do entreposto. "Vamos criar um ambiente mais
controlado", diz Maurici.
Outra medida em estudo é
segregar os caminhões em
um único estacionamento à
noite, além de melhorar o sistema de iluminação.
A ideia é que o projeto de
revitalização seja bancado
por um fundo com recursos
levantados entre os 2.500
permissionários.
PORTO SECO
Desde 2007, o Ministério
Público do Trabalho (MPT)
investiga exploração sexual
de crianças e adolescentes na
Ceagesp. No inquérito, a área
é comparada às degradadas
zonas portuárias.
"Trata-se de um porto seco
dentro de São Paulo, cercado
de prostituição e tráfico de
drogas, numa situação bem
parecida com a do porto de
Santos", afirma a procuradora Cláudia Lovato.
Uma diferença para o cracolândia do centro são os novos condomínios de classe
média que proliferam na
área. Construtoras e moradores pressionam o poder público para "limpar" a região.
"A polícia tira os maloqueiros num dia, eles voltam
no outro", diz Elaine Toledo,
dona de uma papelaria.
Na tarde da última segunda-feira, um grupo de 15
usuários de crack dormia na
calçada em frente às obras de
novos edifícios.
Em abril, o MPT enviou pedido de policiamento ostensivo na região à Secretaria da
Segurança Pública.
Segundo a delegada Elaine Biasoli, da 3ª Seccional da
zona oeste, entre maio e julho foram feitos três flagrantes de tráfico na favelinha do
Ceagesp. Foram apreendidas
cerca de 130 pedras de crack,
110 envelopes de cocaína e
150 trouxinhas de maconha.
No conjunto Cingapura
das imediações da Ceagesp,
os "noias" ameaçam os carros que passam a velocidade
baixa. "A polícia não entra
na favela", diz Valter Santos,
carregador no entreposto.
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