|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
680 mil universitários estão em cursos mal avaliados
Número referente a 2009 é menor do que o de 2008, de 735 mil estudantes
Governo diz que alunos estão mais atentos à qualidade e acha melhora "robusta'; pesquisadores, tímida
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
O percentual de universitários que estudam em escolas reprovadas pelo Ministério da Educação caiu entre
2008 e 2009.
A taxa de alunos em instituições mal avaliadas passou
de 15,6% (ou 735 mil) para
14,5% (680 mil).
Para o governo, os dados
indicam que os alunos passaram a se balizar por indicadores de qualidade, ampliados
em 2008, ao escolher o curso
-tanto calouros como os que
já estão no ensino superior,
via transferências.
Na outra ponta do ranking, houve aumento de matrículas nas escolas bem avaliadas. Para o ministério, a
melhora foi "robusta".
Já os pesquisadores ouvidos pela reportagem dizem
que a evolução foi tímida e
que a hipótese de ter havido
maior atenção às notas é
plausível, mas os dados ainda devem ser estudados.
O levantamento, obtido
pela Folha, foi feito pelo ministério e considera dados do
Censo da Educação Superior
2009, ainda não divulgado.
Segundo o ministro Fernando Haddad (Educação),
hoje o processo de avaliação
e a divulgação dos resultados
"orienta a demanda". Ele,
porém, reconhece que o contingente de alunos em universidades reprovadas é
grande (leia abaixo).
"A diminuição de matrículas em instituições mal avaliadas não foi relevante",
afirma o pesquisador da
UFSCar José Carlos Rothen.
Para ele, a pequena diminuição de matrículas em cursos reprovados pode significar que está acabando o contingente de alunos que já trabalha e está interessado apenas no diploma, sem se interessar pela qualidade.
Já o presidente da câmara
de educação superior do
Conselho Estadual da Educação (SP), João Cardoso Palma
Filho, afirma que, em vez de
migração para boas escolas,
os alunos podem ter simplesmente desistido do curso. Os
dados disponíveis não permitem esse detalhamento.
Apesar de apresentarem
explicações diferentes, ambos dizem que a divulgação
dos exames pode também ter
influenciado os estudantes.
MARKETING
A partir de 1996, no governo FHC, começou a avaliação
de cursos superiores e a divulgação dos resultados.
Na gestão Lula, o processo
se intensificou. Em 2008, as
instituições como um todo
passaram a receber notas,
considerando desempenho
de alunos de graduação e
qualidade da pós-graduação.
"As diversas avaliações
hoje servem como material
para instituições fazerem seu
marketing e atrair alunos",
afirma Mario Cesar dos Santos, reitor da Universidade
do Vale do Itajaí (SC).
Ele diz que está alta a procura por transferência para
seus cursos bem avaliados.
Em medicina, quem quer entrar durante o período letivo
precisa fazer prova. Em direito, é proibido a transferência
nos últimos períodos. "Muitos mudam no final só para
ficar com diploma de grife."
Texto Anterior: Tombado, casarão em Botafogo não atrai comprador Próximo Texto: Entrevista: Houve melhora "robusta", afirma Fernando Haddad Índice | Comunicar Erros
|