|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hospitais suspendem cirurgias
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A alta do dólar em relação ao
real está agravando a situação financeira de hospitais públicos do
país, fazendo com que alguns serviços e cirurgias que dependam
de aparelhos e de material importado sejam suspensos.
No Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais da USP
de Bauru (343 km de SP), foram
cortadas, desde agosto, a colocação de aparelhos de amplificação
sonora e cirurgias de ouvidos biônicos (implante coclear). Os aparelhos são importados dos EUA,
da Dinamarca e da Noruega.
Há 60 pacientes na fila de espera
do implante (metade só espera a
cirurgia). A fila de aparelhos de
amplificação tem 2.300 pessoas.
No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro), o alto custo de próteses,
válvulas cardíacas e marca-passos, aliado à grave situação financeira da instituição, fez com que
as cirurgias cardíacas caíssem de
uma média de 25 para 15 por mês.
Além disso, o hospital está tendo dificuldade para comprar produtos importados, como seringas
descartáveis, luvas estéreis, tubos
para coleta de sangue e catéteres.
Outro hospital universitário, o
Antônio Pedro, da UFF (Universidade Federal Fluminense), em
Niterói (RJ), enfrenta problemas
com fornecedores, como os de filme radiológico, que alegam dificuldades para cumprir contratos
assinados antes da alta do dólar.
O hospital de Bauru, chamado
de Centrinho, deve R$ 4 milhões
para fornecedores. Ele responde
por 80% dos implantes feitos pelo
SUS no país e 60% das adaptações
gratuitas de aparelhos auditivos.
Segundo o superintendente José
Alberto de Sousa Freitas, o Centrinho pagava os fabricantes de
aparelhos pelo dólar do dia e recebia 60 dias depois do SUS pelo dólar a R$ 1,91 (aparelho auditivo) e
R$ 2,43 (implante coclear).
Cada aparelho auditivo custa
para o Centrinho de US$ 300 a
US$ 600. Já o implante coclear varia de US$ 12 mil a US$ 17 mil.
Para renegociar a dívida, Freitas
propôs que o Ministério da Saúde
fixe o dólar em R$ 3,25. Segundo
ele, o secretário-geral da Presidência, Euclides Scalco, disse anteontem que o governo tentará resolver o problema.
"Os fornecedores não se interessam em vender porque a gente
paga depois da entrega, em 30
dias. Isso não dá a ele nenhuma
segurança sobre o valor que vai
receber no dia em que precisar
pagar a conta da importação em
dólar", disse o diretor do hospital
da UFRJ, Amâncio Carvalho.
Segundo a assessoria do ministério, a pasta não foi informada
por nenhum município ou Estado
sobre problemas para comprar
material devido à alta do dólar.
Texto Anterior: Saúde: Contraceptivo começa a ser recolhido Próximo Texto: Menina espera implante há 1 ano Índice
|