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JOGO ILEGAL
Álvaro Lins diz que pedirá explicações para saber se houve devoluções de máquinas no Rio sem o seu conhecimento
Chefe da polícia nega ter liberado caça-níquel
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O chefe de polícia do Rio, delegado Álvaro Lins, negou ontem
que tenha mandado liberar máquinas de caça-níqueis apreendidas em operações na zona oeste.
Segundo ele, foram apreendidos, neste ano, 897 caça-níqueis
na capital, das quais 25 foram devolvidas por decisão da Justiça.
Lins disse que pedirá explicações
aos delegados que investigam o
caso para saber se houve outras
devoluções sem conhecimento da
Chefia de Polícia do Estado.
A Folha informou ontem que o
Ministério Público pediu à Polícia
Federal que abrisse inquérito para
investigar suposto crime de prevaricação do chefe de polícia.
Ele teria deixado de informar às
autoridades federais a existência
de componentes eletrônicos contrabandeados em máquinas da
empresa West Games, apreendidas no início deste ano e devolvidas sem a investigação de suas declarações de importação.
A guerra pelos caça-níqueis na
zona oeste do Rio disputa o controle de um mercado que movimenta R$ 300 milhões por ano, de
acordo com documentos arrecadados pela Polícia Federal.
No inquérito serão investigadas
a West Games e a Ivegê. A primeira pertenceria a Rogério e Renato
de Andrade, sobrinhos do banqueiro do jogo do bicho Castor de
Andrade, morto em 1997. A segunda seria de Fernando Ignácio
de Miranda, genro de Castor.
As duas partes estão em conflito
desde a morte de Paulinho de Andrade, em 1998, filho de Castor e
herdeiro natural do império do
contraventor. Paulinho foi assassinado a mando dos primos Rogério e Renato, que, condenados
pelo crime, estão foragidos.
Na partilha do espólio do contraventor, Rogério e Renato ficariam com o jogo do bicho, e Fernando assumiria os caça-níqueis.
No entanto, os irmãos colocaram
máquinas na zona oeste.
Lins disse que os delegados serão instruídos a enviar direto para
a PF laudos das máquinas caça-níqueis que estão no depósito do
IML do Rio esperando perícia.
"A perícia não é imediata. São
muitas máquinas no depósito do
IML. Se chega uma ordem judicial
para devolvê-las, não podemos
descumprir", afirmou Lins. Ele
não soube informar se foram periciadas as máquinas devolvidas
por determinação da Justiça.
Policiais civis, militares e federais também são alvos da notícia-crime do Ministério Público Federal que foi encaminhada à PF.
O inquérito na PF será aberto
pelo delegado Marcelo Nogueira
de Souza, da Delegacia Fazendária da PF do Rio.
Segundo Souza, o processo foi
remetido de volta para o Ministério Público Federal ontem, para
que a parte que trata de contrabando seja anexada a um outro
processo em andamento.
As notícias-crime sobre a suposta omissão de Lins e a suspeita
do envolvimento de policiais civis
e militares serão enviadas ao Ministério Público Estadual.
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