São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2005

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JOGO ILEGAL

Álvaro Lins diz que pedirá explicações para saber se houve devoluções de máquinas no Rio sem o seu conhecimento

Chefe da polícia nega ter liberado caça-níquel

TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O chefe de polícia do Rio, delegado Álvaro Lins, negou ontem que tenha mandado liberar máquinas de caça-níqueis apreendidas em operações na zona oeste.
Segundo ele, foram apreendidos, neste ano, 897 caça-níqueis na capital, das quais 25 foram devolvidas por decisão da Justiça. Lins disse que pedirá explicações aos delegados que investigam o caso para saber se houve outras devoluções sem conhecimento da Chefia de Polícia do Estado.
A Folha informou ontem que o Ministério Público pediu à Polícia Federal que abrisse inquérito para investigar suposto crime de prevaricação do chefe de polícia.
Ele teria deixado de informar às autoridades federais a existência de componentes eletrônicos contrabandeados em máquinas da empresa West Games, apreendidas no início deste ano e devolvidas sem a investigação de suas declarações de importação.
A guerra pelos caça-níqueis na zona oeste do Rio disputa o controle de um mercado que movimenta R$ 300 milhões por ano, de acordo com documentos arrecadados pela Polícia Federal.
No inquérito serão investigadas a West Games e a Ivegê. A primeira pertenceria a Rogério e Renato de Andrade, sobrinhos do banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, morto em 1997. A segunda seria de Fernando Ignácio de Miranda, genro de Castor.
As duas partes estão em conflito desde a morte de Paulinho de Andrade, em 1998, filho de Castor e herdeiro natural do império do contraventor. Paulinho foi assassinado a mando dos primos Rogério e Renato, que, condenados pelo crime, estão foragidos.
Na partilha do espólio do contraventor, Rogério e Renato ficariam com o jogo do bicho, e Fernando assumiria os caça-níqueis. No entanto, os irmãos colocaram máquinas na zona oeste.
Lins disse que os delegados serão instruídos a enviar direto para a PF laudos das máquinas caça-níqueis que estão no depósito do IML do Rio esperando perícia.
"A perícia não é imediata. São muitas máquinas no depósito do IML. Se chega uma ordem judicial para devolvê-las, não podemos descumprir", afirmou Lins. Ele não soube informar se foram periciadas as máquinas devolvidas por determinação da Justiça.
Policiais civis, militares e federais também são alvos da notícia-crime do Ministério Público Federal que foi encaminhada à PF.
O inquérito na PF será aberto pelo delegado Marcelo Nogueira de Souza, da Delegacia Fazendária da PF do Rio.
Segundo Souza, o processo foi remetido de volta para o Ministério Público Federal ontem, para que a parte que trata de contrabando seja anexada a um outro processo em andamento.
As notícias-crime sobre a suposta omissão de Lins e a suspeita do envolvimento de policiais civis e militares serão enviadas ao Ministério Público Estadual.


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