São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2005

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VIOLÊNCIA

José Ismael Pedrosa, 70, foi assassinado a tiros no centro de Taubaté; ligação do PCC com crime é apurada

Morte de ex-diretor do Carandiru pode ter sido vingança

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

A vingança por parte do crime organizado é a principal hipótese da polícia para explicar o assassinato de José Ismael Pedrosa, 70, diretor da extinta Casa de Detenção (zona norte de São Paulo), durante o "massacre do Carandiru", ocorrido em outubro de 1992. Ele foi morto com pelo menos seis tiros, na tarde de anteontem, no centro de Taubaté (130 km).
A polícia apura a participação de criminosos ligados ao seqüestro da filha de Pedrosa, Eulália, em abril de 2001. Na ocasião, em troca de sua liberdade, os criminosos exigiam a transferência dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) da Casa de Custódia de Taubaté, da qual Pedrosa era diretor, para outros presídios. Ele se aposentou em janeiro de 2003, após 45 anos de serviço.
O plano acabou frustrado pela polícia, que localizou o cativeiro e prendeu três pessoas.
A Casa de Custódia de Taubaté é considerado um dos mais rígidos presídios de São Paulo. Foi o primeiro a adotar o regime disciplinar diferenciado, em que os presos ficam isolados, sem visita íntima e sem acesso a jornais. Por isso, Pedrosa, segundo a polícia, era visto como um dos principais inimigos da facção criminosa.
Por lá, passaram alguns dos criminosos mais perigosos de São Paulo, como Sônia Maria Rossi, a Maria do Pó; Maurício Hernandez Norambuena, seqüestrador do publicitário Washington Olivetto; e líderes do PCC.
Segundo investigações da polícia, a facção foi criada durante a gestão de Pedrosa na Casa de Custódia em protesto contra a linha-dura adotada pelo diretor.

Cidade chocada
O diretor do Deinter-1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), delegado Paulo Bicudo, disse que os habitantes de Taubaté estão "chocados e consternados". "Isso tem dificultado a investigação, uma vez que as pessoas estão com receio de dar informações", afirmou.
Bicudo disse que três testemunhas foram ouvidas, mas ainda não é possível elaborar retratos falados dos criminosos.
O Ministério Público designou o Gaerco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) para acompanhar o caso. O promotor Luiz Fernando Mattos disse que Pedrosa era visto pela comunidade carcerária como "inimigo do PCC". "A ligação [da morte] com o crime organizado é a hipótese mais provável."


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