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CLIMA
Em quatro horas, choveu o equivalente à média de todo o mês de outubro na cidade; três pessoas morreram eletrocutadas
Forte temporal mata e inunda casas no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Um temporal de quase quatro
horas na manhã de ontem, no Rio
de Janeiro, deixou três pessoas
mortas, inundou ruas e casas e
causou grandes engarrafamentos
em toda a capital fluminense.
Com a grande quantidade de
chuva, uma barreira caiu e atingiu
um ônibus. Os passageiros tiveram de sair pela janela. O motorista de um carro que caiu em um
canal está desaparecido depois de
ter sido levado pela correnteza.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
as chuvas atingiram cerca de 100
milímetros. Isso significa que
choveu, em quatro horas, mais do
que a média histórica para todo o
mês de outubro no Rio de Janeiro.
A causa do temporal em toda a
cidade, iniciado às 5h, foi a chegada repentina de uma frente fria,
segundo a Defesa Civil. Na favela
da Rocinha, no bairro de São Conrado (zona sul da capital), um
casal morreu eletrocutado na rua
ao encostar em um fio de alta tensão. Uma adolescente de 16 anos
também levou um choque, porém
sobreviveu. Até a noite de ontem,
a polícia só havia identificado
uma das vítimas: Antônio Silvânia Pereira, de 33 anos.
No início da tarde, PMs que trabalhavam na remoção dos cadáveres foram atacados a tiros por
traficantes. Um cabo acabou baleado na perna esquerda.
Um ônibus que passava nas
proximidades da favela foi atingido pela queda de uma barreira.
Quinze passageiros tiveram de ser
resgatados pelos bombeiros e saíram pela janela de emergência.
Na avenida Francisco Bicalho,
nas proximidades da rodoviária
Novo Rio, no Santo Cristo (zona
portuária), o pedreiro Nílson Rosas, 40, encostou em um fio de alta
tensão e acabou morrendo.
Na avenida Paulo de Frontim
(Rio Comprido, zona norte), um
Verona caiu dentro do canal que
margeia a avenida. O motorista
do veículo, Álvaro Deferino dos
Santos, 47, foi levado pela correnteza e está desaparecido.
Motoristas disseram que, durante o temporal, ladrões teriam
praticado assaltos na Paulo de
Frontim e nas proximidades do
túnel Rebouças. A Polícia Militar
nega essas ocorrências.
Deslizamentos
Cinco deslizamentos de terra,
entre eles a queda do muro de
uma casa, levaram muita lama às
pistas da avenida Niemeyer, ligação entre os bairros do Leblon e
de São Conrado (zona sul). A via
ficou interditada durante quase
toda a manhã. Houve também
deslizamentos no morro da Mangueira (zona norte). Em nenhum
deles houve feridos.
Ainda na zona norte, o rio Maracanã transbordou e alagou as
pistas da avenida Radial Oeste e a
praça da Bandeira. Muitas pessoas desceram dos veículos e,
mesmo com o nível das águas alto, foram a pé para o trabalho.
Carros foram arrastados pela
correnteza. Um veículo caiu no
canal do Mangue, em São Cristóvão, mas não houve feridos.
O trânsito ficou engarrafado nas
principais vias de acesso ao centro
em decorrência das poças d'água.
Na zona sul, em um cenário que
lembrava tráfego noturno, os motoristas dirigiam devagar e com os
faróis acesos.
Na zona oeste da cidade, um
edifício de dois andares na favela
Rio das Pedras, em Jacarepaguá,
foi interditado porque ameaçava
desabar. Já no bairro do Recreio
dos Bandeirantes, um jacaré foi
levado pela correnteza e acabou
sendo capturado dentro da garagem de uma casa.
No final da tarde, o tempo voltou a fechar no Rio de Janeiro e
chegou a chover em alguns pontos da cidade, mas sem causar os
transtornos ocorridos de manhã.
Mas a chuva prejudicou também o ambiente ao arrastar a sujeira. "As praias se transformaram em uma lata de lixo", disse o
biólogo Mario Moscatelli, que sobrevoou de helicóptero, por cerca
de uma hora, lagoas e praias afetadas por esgoto, lixo e sedimentos.
Na praia de São Conrado, quatro línguas negras lançavam ontem poluição no mar. Há menos
de um ano, o governo do Estado
havia anunciado que as línguas
negras não ocorreriam mais depois de ter sido realizada uma
grande obra no bairro.
"A chuva realmente foi muito
forte, mas os efeitos dela poderiam ter sido bem menores se tivéssemos um comprometimento
maior de todos na preservação da
cidade", disse o biólogo.
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