São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2005

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CLIMA

Em quatro horas, choveu o equivalente à média de todo o mês de outubro na cidade; três pessoas morreram eletrocutadas

Forte temporal mata e inunda casas no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Um temporal de quase quatro horas na manhã de ontem, no Rio de Janeiro, deixou três pessoas mortas, inundou ruas e casas e causou grandes engarrafamentos em toda a capital fluminense.
Com a grande quantidade de chuva, uma barreira caiu e atingiu um ônibus. Os passageiros tiveram de sair pela janela. O motorista de um carro que caiu em um canal está desaparecido depois de ter sido levado pela correnteza.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas atingiram cerca de 100 milímetros. Isso significa que choveu, em quatro horas, mais do que a média histórica para todo o mês de outubro no Rio de Janeiro.
A causa do temporal em toda a cidade, iniciado às 5h, foi a chegada repentina de uma frente fria, segundo a Defesa Civil. Na favela da Rocinha, no bairro de São Conrado (zona sul da capital), um casal morreu eletrocutado na rua ao encostar em um fio de alta tensão. Uma adolescente de 16 anos também levou um choque, porém sobreviveu. Até a noite de ontem, a polícia só havia identificado uma das vítimas: Antônio Silvânia Pereira, de 33 anos.
No início da tarde, PMs que trabalhavam na remoção dos cadáveres foram atacados a tiros por traficantes. Um cabo acabou baleado na perna esquerda.
Um ônibus que passava nas proximidades da favela foi atingido pela queda de uma barreira. Quinze passageiros tiveram de ser resgatados pelos bombeiros e saíram pela janela de emergência.
Na avenida Francisco Bicalho, nas proximidades da rodoviária Novo Rio, no Santo Cristo (zona portuária), o pedreiro Nílson Rosas, 40, encostou em um fio de alta tensão e acabou morrendo.
Na avenida Paulo de Frontim (Rio Comprido, zona norte), um Verona caiu dentro do canal que margeia a avenida. O motorista do veículo, Álvaro Deferino dos Santos, 47, foi levado pela correnteza e está desaparecido.
Motoristas disseram que, durante o temporal, ladrões teriam praticado assaltos na Paulo de Frontim e nas proximidades do túnel Rebouças. A Polícia Militar nega essas ocorrências.

Deslizamentos
Cinco deslizamentos de terra, entre eles a queda do muro de uma casa, levaram muita lama às pistas da avenida Niemeyer, ligação entre os bairros do Leblon e de São Conrado (zona sul). A via ficou interditada durante quase toda a manhã. Houve também deslizamentos no morro da Mangueira (zona norte). Em nenhum deles houve feridos.
Ainda na zona norte, o rio Maracanã transbordou e alagou as pistas da avenida Radial Oeste e a praça da Bandeira. Muitas pessoas desceram dos veículos e, mesmo com o nível das águas alto, foram a pé para o trabalho.
Carros foram arrastados pela correnteza. Um veículo caiu no canal do Mangue, em São Cristóvão, mas não houve feridos.
O trânsito ficou engarrafado nas principais vias de acesso ao centro em decorrência das poças d'água. Na zona sul, em um cenário que lembrava tráfego noturno, os motoristas dirigiam devagar e com os faróis acesos.
Na zona oeste da cidade, um edifício de dois andares na favela Rio das Pedras, em Jacarepaguá, foi interditado porque ameaçava desabar. Já no bairro do Recreio dos Bandeirantes, um jacaré foi levado pela correnteza e acabou sendo capturado dentro da garagem de uma casa.
No final da tarde, o tempo voltou a fechar no Rio de Janeiro e chegou a chover em alguns pontos da cidade, mas sem causar os transtornos ocorridos de manhã.
Mas a chuva prejudicou também o ambiente ao arrastar a sujeira. "As praias se transformaram em uma lata de lixo", disse o biólogo Mario Moscatelli, que sobrevoou de helicóptero, por cerca de uma hora, lagoas e praias afetadas por esgoto, lixo e sedimentos.
Na praia de São Conrado, quatro línguas negras lançavam ontem poluição no mar. Há menos de um ano, o governo do Estado havia anunciado que as línguas negras não ocorreriam mais depois de ter sido realizada uma grande obra no bairro.
"A chuva realmente foi muito forte, mas os efeitos dela poderiam ter sido bem menores se tivéssemos um comprometimento maior de todos na preservação da cidade", disse o biólogo.


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