São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Temporal paralisa o Rio, mata criança e fecha túnel Rebouças

Deslizamento de cerca de 3.000 toneladas de terra fechou a principal interligação entre zonas norte e sul da cidade

Ainda não há data para reabertura do túnel; chuva provocou o fechamento do aeroporto Santos Dumont e afetou ponte-aérea Rio-SP

ITALO NOGUEIRA
MÁRCIA BRASIL
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um temporal de 24 horas com volume de água equivalente a 48 dias de chuva atingiu ontem o Rio, paralisou a cidade e provocou a morte de uma criança de nove anos na Baixada Fluminense. O túnel Rebouças, que liga as zonas norte e sul, foi fechado em razão de um deslizamento de cerca de 3.000 toneladas de terra na entrada de uma das galerias.
O temporal provocou ainda alagamentos nas principais vias da cidade, o que atrapalhou ainda mais o fluxo de trânsito.
O aeroporto Santos Dumont permaneceu fechado durante todo o dia. O fechamento provocou reflexos em outros aeroportos do país e afetou a ponte-aérea Rio-São Paulo. Em Congonhas, até as 23h, dos 276 vôos programados, 71 foram cancelados e 66 sofreram atraso. À tarde, a TAM chegou a suspender a venda de passagens para os dois aeroportos do Rio. Gol e Varig também pararam de vender passagens, mas apenas para o Santos Dumont.
Faltou luz em seis bairros da capital fluminense e sete municípios da região metropolitana. Houve 280 chamados à Defesa Civil Estadual só na capital -o dobro do registrado em média. Os desvios feitos pela prefeitura não foram suficientes. Todos os acesso ao centro e ao túnel, onde trafegam 180 mil veículos por dia, ficaram congestionados. Metrô e trem ficaram superlotados e quem decidiu esperar os ônibus teve dificuldade para chegar ao destino. Segundo a secretaria de Transporte, o tempo médio de viagem do carioca no trânsito foi multiplicado por três.
A estação do Sumaré apontou um volume de chuva de 229 mm entre as 19h de ontem e de anteontem -a média diária nos nove primeiros meses do ano foi de 4,7 mm. A previsão para as próximas 48h é de chuva.
A prefeitura não sabia quando seria possível liberar o túnel. A chuva fina durante todo o dia impedia o trabalho dos técnicos. A interdição pode durar até uma semana.
Os primeiros sinais de que a terra do morro Cerro Corá cedia foram dados às 16h de anteontem. A via foi fechada às 22h. Meia hora depois houve o primeiro dos sete fortes deslizamentos que atingiram a área até a conclusão desta edição.
"Vamos analisar de forma técnica para descobrir a razão [do deslizamento] e estudar medidas de prevenção para que isso não ocorra mais", afirmou o prefeito Cesar Maia (DEM).
Técnicos afirmaram que 4.000 toneladas da terra que ainda não havia deslizado apresentavam instabilidade. A chuva afetou também cidades da Baixada Fluminense. Em Mesquita, Ronaldo da Silva Ribeiro, 9, morreu afogado ao cair em um bueiro. O número de desabrigados passou de 400 à noite, podendo ter chegado a 800, segundo Defesa Civil e prefeituras da região.


Colaborou RAFAEL TARGINO


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