São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Polícia investiga padre Júlio por suposta corrupção de menores

Inquérito foi aberto após ex-funcionária da Casa Vida afirmar, em depoimento, que viu o padre em "atos libidinosos" com jovem

Policiais civis não quiseram detalhar o depoimento nem divulgar o nome da testemunha; crime prevê pena de 1 a 4 anos de prisão

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"

A Polícia Civil de São Paulo decidiu investigar o padre Júlio Lancelotti por suposta corrupção de menores. Ontem, foi instaurado inquérito com base no depoimento de uma ex-funcionária da Casa Vida 2, na Mooca (zona leste de SP), uma das entidades ligadas ao padre. Ela, segundo a polícia, afirmou ter presenciado Lancelotti em "atos libidinosos" com um adolescente, entre 15 e 16 anos.
O crime de corrupção de menores prevê pena de um a quatro anos de prisão.
Os policiais envolvidos na investigação disseram não poder dar detalhes do que seriam os "atos libidinosos", mas afirmaram não se tratar de relação sexual. Disseram não poder também informar o nome dessa testemunha, a pedido dela.
Segundo o delegado Marco Antônio Bernardino Santos, a mulher diz ter trabalhado durante nove meses na entidade e que o fato narrado aconteceu em 1999. "Ela disse que ouvia falar coisas desse tipo [que o padre tinha relacionamentos com menores], mas que nunca acreditou. Até que viu."
Ainda segundo a polícia, a ex-funcionária disse não saber informar o nome do adolescente, mas diz acreditar que pode identificá-lo. Outros funcionários da casa também serão ouvidos pela polícia, que tentará primeiro identificar o menor.
Os policiais que investigam a suposta corrupção de menores são os mesmos encarregados de investigar a denúncia de extorsão que o padre disse ter sido vítima. O religioso afirma ter dado cerca de R$ 80 mil durante três anos a Anderson Marcos Batista, um ex-interno da Febem que fazia ameaças a ele, inclusive de acusá-lo publicamente de pedofilia.
Santos disse não saber se a testemunha ouvida é a mesma mulher apresentada anonimamente pela Rede Record no último domingo, que relatou ter visto o padre beijar um adolescente. "Nem perguntamos isso para ela", afirmou o policial.
Procurado, o padre Júlio disse que não vai comentar o assunto até ter conhecimento do teor do depoimento da ex-funcionária.
A Arquidiocese de São Paulo informou ontem, por meio de sua assessoria, que as acusações contra o padre são infundadas (leia texto nesta página).


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