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Policiais presos são acusados até de ameaçar estupro
Segundo o Ministério Público, eletricista de Campinas foi espancado e teve a filha ameaçada de violência sexual
De acordo com a investigação, grupo queria forçar a vítima a auxiliar
na localização de bens
de um suposto traficante
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Suspeitos de roubo, tortura e
concussão (extorsão cometida
por funcionário público), os
nove policiais civis que tiveram
a prisão preventiva decretada
anteontem são ainda acusados
de usar uma enxada para espancar o eletricista Luiz César
Alves e de ameaçar estuprar a
filha dele. Segundo a investigação, os policiais, entre eles um
delegado, queriam forçar o eletricista a ajudá-los a localizar
bens de um suposto traficante.
Os detalhes da tortura e dos
crimes supostamente cometidos pelos nove policiais, todos
eles lotados em Osasco à época
do crime (21 de setembro),
constam da denúncia do Ministério Público de Campinas à 3ª
Vara Criminal da cidade.
Além de torturar o eletricista
Alves, a equipe de sete policiais
liderada pelo delegado Pedro
Luís Pórrio e pelo chefe de investigadores Antonio Caballero Curci, também é acusada de
ter roubado R$ 34.962 e um Gol
(com mais R$ 5.000 dentro dele) de José Silas Pereira da Silva, que era investigado pela Polícia Federal por tráfico. Silva,
que tinha os telefones grampeados, passou a ser vítima dos
crimes dos policiais de Osasco.
Foi a partir das gravações que
a PF alertou a Corregedoria da
Polícia Civil sobre os crimes
praticados pela equipe do delegado Pórrio e, anteontem, ele,
Curci e quatro investigadores
-Regina dos Santos, Sandro
dos Santos, Eduardo da Silva
Benevides, Francisco Nascélio
Pessoa- acabaram presos.
Ontem, os outros três policiais acusados, Pablo Ricardo
Pereira Xavier, Luís Cláudio de
Oliveira e Daniel Ferreira Dutra, se entregaram.
Tortura
A equipe de Pórrio e Curci foi
a Campinas, sem ordem de
mandado de busca e apreensão
e sem comunicar a Polícia Civil
local, e localizou o traficante.
Os sete investigadores queriam que Silva os levasse até
sua casa. Como a mulher havia
sido operada, ele levou os policiais à casa da irmã, Jucileide
Pereira da Silva, onde disseram
ter achado uma arma.
Lá, Silva e a irmã, segundo o
relatório, receberam socos,
pontapés, chutes e várias sessões de sufocamento com sacos
plásticos. Jucileide, segundo a
investigação, foi agredida pela
policial Regina dos Santos.
Após a tortura, Silva levou os
policiais à sua casa. Lá, os policiais acharam R$ 34.962 em dinheiro. O Gol de Silva também
foi levado. Dentro do carro havia R$ 5.000.
Na casa de Silva, os policiais,
"a partir das ordens diretas de
Pórrio, que já se dirigia ao local", exigiam R$ 200 mil para
não prendê-lo pela arma achada na casa da irmã.
E foi na casa de Silva que os
investigadores encontraram o
eletricista Alves, que trabalhava no local e foi obrigado a levar
os policiais para a sua casa. Lá,
segundo as investigações, ele
foi torturado e espancado com
uma enxada. Os policiais também ameaçaram estuprar a filha dele caso não os ajudasse a
encontrar a droga que Silva teria para traficar.
Anteontem, a Promotoria
pediu o relaxamento da prisão
de Silva. Pórrio também é investigado por extorquir dinheiro do megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía.
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