São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Policiais presos são acusados até de ameaçar estupro

Segundo o Ministério Público, eletricista de Campinas foi espancado e teve a filha ameaçada de violência sexual

De acordo com a investigação, grupo queria forçar a vítima a auxiliar na localização de bens de um suposto traficante

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Suspeitos de roubo, tortura e concussão (extorsão cometida por funcionário público), os nove policiais civis que tiveram a prisão preventiva decretada anteontem são ainda acusados de usar uma enxada para espancar o eletricista Luiz César Alves e de ameaçar estuprar a filha dele. Segundo a investigação, os policiais, entre eles um delegado, queriam forçar o eletricista a ajudá-los a localizar bens de um suposto traficante.
Os detalhes da tortura e dos crimes supostamente cometidos pelos nove policiais, todos eles lotados em Osasco à época do crime (21 de setembro), constam da denúncia do Ministério Público de Campinas à 3ª Vara Criminal da cidade.
Além de torturar o eletricista Alves, a equipe de sete policiais liderada pelo delegado Pedro Luís Pórrio e pelo chefe de investigadores Antonio Caballero Curci, também é acusada de ter roubado R$ 34.962 e um Gol (com mais R$ 5.000 dentro dele) de José Silas Pereira da Silva, que era investigado pela Polícia Federal por tráfico. Silva, que tinha os telefones grampeados, passou a ser vítima dos crimes dos policiais de Osasco.
Foi a partir das gravações que a PF alertou a Corregedoria da Polícia Civil sobre os crimes praticados pela equipe do delegado Pórrio e, anteontem, ele, Curci e quatro investigadores -Regina dos Santos, Sandro dos Santos, Eduardo da Silva Benevides, Francisco Nascélio Pessoa- acabaram presos.
Ontem, os outros três policiais acusados, Pablo Ricardo Pereira Xavier, Luís Cláudio de Oliveira e Daniel Ferreira Dutra, se entregaram.

Tortura
A equipe de Pórrio e Curci foi a Campinas, sem ordem de mandado de busca e apreensão e sem comunicar a Polícia Civil local, e localizou o traficante.
Os sete investigadores queriam que Silva os levasse até sua casa. Como a mulher havia sido operada, ele levou os policiais à casa da irmã, Jucileide Pereira da Silva, onde disseram ter achado uma arma.
Lá, Silva e a irmã, segundo o relatório, receberam socos, pontapés, chutes e várias sessões de sufocamento com sacos plásticos. Jucileide, segundo a investigação, foi agredida pela policial Regina dos Santos.
Após a tortura, Silva levou os policiais à sua casa. Lá, os policiais acharam R$ 34.962 em dinheiro. O Gol de Silva também foi levado. Dentro do carro havia R$ 5.000.
Na casa de Silva, os policiais, "a partir das ordens diretas de Pórrio, que já se dirigia ao local", exigiam R$ 200 mil para não prendê-lo pela arma achada na casa da irmã.
E foi na casa de Silva que os investigadores encontraram o eletricista Alves, que trabalhava no local e foi obrigado a levar os policiais para a sua casa. Lá, segundo as investigações, ele foi torturado e espancado com uma enxada. Os policiais também ameaçaram estuprar a filha dele caso não os ajudasse a encontrar a droga que Silva teria para traficar.
Anteontem, a Promotoria pediu o relaxamento da prisão de Silva. Pórrio também é investigado por extorquir dinheiro do megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía.


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