|
Próximo Texto | Índice
Jóias de ouro são trocadas por latão em cofre da polícia
Anéis, brincos e colares de ouro, diamante e esmeralda foram furtados no Instituto de Criminalística, no Rio
Polícia diz desconhecer total de peças levadas, entre elas anel estimado em R$ 50 mil; 15 peritos que tinham acesso ao local são suspeitos
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
NO RIO
Anéis, brincos e colares de
ouro, diamante e esmeralda foram furtados de um cofre protegido por quatro portas, em
um prédio da Polícia Civil do
Rio. As jóias haviam sido
apreendidas em uma operação
policial e passavam por perícia.
No lugar das peças, os ladrões
colocaram anéis de latão e colares prateados.
O crime aconteceu dentro do
prédio do ICCE (Instituto de
Criminalística Carlos Éboli),
responsável pelas perícias da
Polícia Civil, no centro do Rio.
Os 15 peritos que tinham acesso ao local onde ficavam as jóias
são os principais suspeitos.
A polícia disse não saber a
quantidade de jóias furtadas,
mas afirma que ao menos 12 peças foram levadas, todas elas de
joalherias de grife. Uma delas,
um anel de diamantes, teve o
valor estimado em R$ 50 mil.
O sumiço das peças foi notado anteontem por uma das peritas que avaliava as jóias. Segundo a polícia, ela tinha por
hábito fotografar todas as peças
periciadas. Quando pegou um
dos estojos, reparou que faltava
uma jóia, e começou a checar
novamente outros estojos. Em
um deles, percebeu que os
anéis eram diferentes dos que
tinha fotografado. Ela comunicou o sumiço, e a Corregedoria
da Polícia Civil abriu inquérito.
"Esse crime é quase perfeito.
Só não foi perfeito porque a
pessoa que subtraiu as jóias jamais podia imaginar que a perita voltaria para conferir, e que
ela teria fotografado [as peças]", disse a corregedora da
Polícia Civil, Ivanete Araújo.
Para chegar ao cofre onde ficam as jóias, é preciso passar
por quatro portas: uma gradeada, uma inteiramente de ferro,
outra de madeira e uma quarta
de aço fina com uma grade acoplada, que dava acesso direto ao
compartimento.
"A pessoa, para entrar lá, teria que ter, no mínimo, uma das
chaves das portas. E teria que
conhecer a mecânica do local,
porque quem pegou os bens
não apenas furtou, mas também substituiu por outras peças. Ele substituía de tal forma
que ficava o mesmo número de
peças", disse Araújo.
As peças, contudo, foram furtadas após serem retiradas do
cofre para ir à perícia. Enquanto não eram periciadas, elas ficavam dentro de estojos em
uma sala, no mesmo setor. A
polícia acredita que as jóias foram furtadas nessa sala.
Os 15 funcionários suspeitos
são peritos concursados e trabalham dentro do setor de merceologia, no segundo andar do
prédio, mas apenas alguns deles têm as chaves.
"É praticamente impossível
não ter sido um funcionário.
Tinha que ser uma pessoa que
conhecia muito bem o setor, sabia onde eram armazenadas [as
jóias], sabia a rotina dentro do
setor", afirmou a corregedora.
As jóias haviam sido apreendidas em uma operação da Draco (Delegacia de Repressão ao
Crime Organizado), em março,
para coibir uma quadrilha que
roubava jóias de casas de classe
alta na zona sul do Rio e na Barra da Tijuca (zona oeste) e as revendia para joalherias. A investigação começou em maio de
2007, quando criminosos invadiram a casa da ex-Miss Brasil
Leila Schuster, na Barra.
Após rastrear as peças roubadas, os policiais apreenderam o
material e o enviaram, em julho, ao ICCE, para que os investigadores estimassem um valor
e acionassem os possíveis proprietários. O delegado Fábio
Cardoso, da Draco, afirmou que
esperava há quatro meses a
conclusão da perícia. "Nós nem
sabíamos disso [furto]. Fizemos várias remessas, desde
maio. Era muita jóia."
Próximo Texto: Corregedoria admite falhas na segurança Índice
|