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Delegacias voltam a ter superlotação
Oito dos 93 distritos policiais da capital estão com celas lotadas; no Estado, são quase 8.500 pessoas em DPs
Resolução da Secretaria da Administração Penitenciária atrasa transferência de foragidos para presídios
AFONSO BENITES
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"
Ao menos oito carceragens
dos 93 delegacias da cidade
de São Paulo estão superlotadas. Hoje, celas para no máximo cinco pessoas têm abrigado até 40 detentos, como
no caso do 63º DP (Vila Jacuí), na zona leste da capital.
A superlotação, segundo
policiais e autoridades do Judiciário, tem sido causada
por uma decisão tomada mês
passado pela SAP (Secretaria
da Administração Penitenciária) e que impede a pronta
transferência para suas unidades prisionais, principalmente para os CDPs (Centros
de Detenção Provisória), de
foragidos da Justiça já condenados que foram recapturados ou presos ao cometerem
novo delito.
Levantamento feito por
carcereiros da polícia mostra
que os oito DPs abrigavam,
semana passada, mais de
400 presos -onde cabem
155. A demora média é de 20
dias para que eles sejam
transferidos para presídios.
Em alguns casos, como no
63º DP, por conta da fragilidade na segurança, o lugar é
cercado por carros vazios da
polícia, já que num plantão
apenas cinco pessoas (delegado, escrivão, dois investigadores e carcereiro) têm de
cuidar dos presos e atender
as ocorrência policiais.
Na sexta-feira, 111 presos
estavam nas quatro celas
(com 20 vagas) do 63º DP; 58
foram transferidos, mas entre sábado e ontem, os presos
nas celas do lugar já eram 80.
Delegados da Polícia Civil
elaboram documentos pedindo providências aos seus
superiores e alertando para
os riscos da superlotação.
Segundo apurou a Folha,
a ordem é para que todos fiquem quietos, ao menos até
o fim das eleições.
A auxiliar de limpeza Wilma Pinto Lima, 21, está presa
numa cela do 97º DP (Americanópolis) desde quinta-feira e, como o lugar não tem
condições, ela não pode
amamentar o filho, de dois
meses, que está com a avó.
Por conta da superlotação,
a juíza-corregedora Luciana
Leal Junqueira Vieira, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), já alertou a Corregedoria Geral de Justiça sobre
"a gravidade da situação".
O último dado sobre a população carcerária em São
Paulo é de junho e aponta
173.060 detentos para
100.593 vagas (72% a mais).
Existem mais outras 8.500
pessoas em cadeias e DPs.
Procurada, a SAP informou que "a autorização de
remoção de presos recapturados é expedida com a devida brevidade" e que, desde
2006, tem fornecido 250 vagas por semana à SSP (Secretaria da Segurança Pública)
para que presos condenados
sejam incluídos nas prisões.
De 2005 para cá, segundo
a SAP, o número de presos
em DPs e cadeias públicas
caiu de 17.242 para 8.384. A
SSP não se manifestou.
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