São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Seca do rio Negro bate recorde histórico

Engenheiro afirma que marca pode baixar ainda mais, já que tendência é que as águas continuem descendo

A diferença em relação ao nível mais baixo já atingido é de apenas um centímetro; registro anterior é de 1963

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

Foi só por um centímetro, mas o rio Negro bateu ontem um recorde histórico: atingiu seu nível mais baixo desde 1902, quando a estação de monitoramento do porto de Manaus foi fundada.
A marca que confirmou a maior vazante (baixa das águas) foi de 13,63 m ontem de manhã. O recorde anterior, de 13,64 m, havia sido registrado em 1963.
O recorde do rio Negro faz com que a seca deste ano seja a pior da história da Amazônia ocidental.
O fenômeno virou atração turística em Manaus. Muitos turistas foram ontem ao porto para fotografar um painel em que há os registros de datas e medições das maiores e menores enchentes.
Para medir a vazante, o técnico de monitoramento Valderino Pereira da Silva utilizou outra régua. Ela fica debaixo do cais do porto. Só se chega lá em viagem de dez minutos de voadeira (canoa com motor de popa).
"O rio Negro baixou seis centímetros, ultrapassando o nível mínimo de 1963", afirmou Silva logo após a medição de ontem, acompanhada pela reportagem.
Daniel Oliveira, engenheiro hidrólogo do Serviço Geológico do Brasil, afirmou que a maior seca do Negro pode ter ainda outro recorde. "A tendência é que as águas desçam mais uns dias, de modo que a marca de hoje [ontem] pode baixar mais", disse.
No Amazonas, a baixa dos rios deixou 37 dos 62 municípios em situação de emergência. Uma cidade decretou calamidade pública. São 66 mil famílias afetadas pelo isolamento no Estado.
A situação é mais grave nas cidades banhadas pelo rio Solimões, que também teve recorde de vazante. Já começa a chover na região, mas os igarapés e lagos, que dão acesso a grandes rios, continuam inavegáveis.
A seca é consequência de uma estiagem extrema na calha central da bacia amazônica. Pesquisadores de diferentes órgãos -como os do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)- estudam o fenômeno.

TURISMO
O guia Aliomar de Barros disse que desde terça-feira leva turistas para fotografar o rio Negro. "Eles ficam muito curiosos, e este ano mais ainda por causa da seca, que é anormal", afirmou o guia.
A paulista Milena Cardoso, 32, disse que veio a Manaus para conhecer os botos, mas contou que ficou surpresa com a seca. "O homem está acabando com a natureza, pode ver que tem muito lixo [nas margens do Negro]. Nem vimos os botos."


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