São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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Vendedor morre ao ser espancado

DO "AGORA"

O vendedor ambulante Geraldo Alves Dantas, 41, morreu após ser agredido com murros, em frente ao restaurante Senzala Bar & Grill, no Alto de Pinheiros (zona oeste), por Evair Beltrame, 46, segurança do estabelecimento, às 17h de anteontem. Dantas vendia balas e cuidava de carros, acompanhado por três filhos, no local.
De acordo com a polícia, tudo começou com uma briga entre Dantas e o jardineiro Dionísio Santos Rocha, 39. Rocha contou que havia comprado uma garrafa de refrigerante, e Dantas, que estaria alcoolizado, exigiu que ele comprasse também uma garrafa de bebida alcoólica.
"Mas eu não queria pinga. Aí ele começou a brigar comigo", diz o jardineiro, que trabalha para os estabelecimentos da região.
A discussão chamou a atenção dos clientes do restaurante. De acordo com as testemunhas, o segurança resolveu apartar a briga e mandou que o jardineiro e o ambulante se retirassem dali. Dantas teria então se recusado a deixar o local e xingado Beltrame.
Ainda segundo as testemunhas, Beltrame teria dito "fale isso de novo". O xingamento foi então repetido pelo ambulante que, em represália, levou uma sequência de murros no estômago e tórax e caiu, batendo a cabeça no chão.
Um taxista que não quis se identificar conta que os clientes do restaurante assistiram à agressão sem fazer nada, "como se estivessem em uma arquibancada". Para ele, o segurança "exagerou" ao esmurrar o vendedor.
Um representante do restaurante Senzala Bar & Grill que não quis se identificar disse que o ocorrido foi uma "fatalidade".

Filhos
A agressão ocorreu em frente aos três filhos da vítima. Com 12, 13 e 14 anos, eles teriam gritado para o segurança não bater em seu pai. O mais velho, O.L., conta que, depois que Dantas caiu e bateu a cabeça, Beltrame tentou reanimá-lo, sem sucesso, colocando o ambulante sentado, encostado em uma árvore. Dantas morreu após ser atendido em um pronto-socorro na Lapa (zona oeste).
Beltrame foi preso pela Polícia Militar e indiciado por lesão corporal dolosa seguida de morte pelo delegado José Eduardo Coutinho, do 14º DP (Pinheiros). Coutinho diz que o segurança deve ter se irritado ao ser xingado por Dantas, mas que ele não tinha a intenção de matá-lo. Segundo o delegado, o segurança pode pegar de quatro a 12 anos de prisão.
Dantas tinha oito filhos. O., o segundo mais velho, diz que o irmão maior está viajando e que caberá a ele tomar conta da família.


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