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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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FALSÁRIOS EM AÇÃO

Banco Central recolheu 428,5 mil cédulas de janeiro a novembro de 2003, maior número desde 1994

Apreensão de reais falsificados bate recorde

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A circulação de dinheiro falsificado bateu o recorde da era do real neste ano. De janeiro a novembro, segundo o Banco Central, 428,5 mil notas foram recolhidas no país, contra apenas 1.046 em 1994, ano do lançamento da moeda.
Em relação ao número de cédulas em uso, cerca de 2,1 bilhões, a quantidade de reais "podres" é pequena, mas os valores da falsificação chamam a atenção: R$ 14,1 milhões. Pagou a conta quem recebeu a nota sem perceber o golpe, porque não há como trocá-la.
A novidade é que, neste ano, a principal cédula falsificada é a de R$ 50, que representou 55,8% do dinheiro tirado de circulação. Por sete anos -1994 e de 1997 a 2002-, a nota de R$ 10 era a preferida pelas quadrilhas de falsários. Em 1995 e 1996, a de R$ 100 era a mais visada para golpes.
"O falsário tinha o mesmo trabalho para fazer R$ 10. Em certo momento, achou que devia produzir R$ 50", afirma o diretor do Departamento do Meio Circulante do Banco Central, José dos Santos Barbosa, 51.
Segundo ele, dois motivos podem explicar o crescimento das moedas falsas no país. Primeiro, a tecnologia evoluiu e hoje permite reproduzir as notas em impressoras, com um padrão de qualidade melhor do que quando o real foi lançado. Segundo, a família de notas e moedas em uso foi preparada em apenas cinco meses, com falhas de segurança que começaram a ser corrigidas ao longo dos últimos anos. Num primeiro momento, por exemplo, os falsários "lavavam" as notas de R$ 1 com produtos químicos, para tirar a tinta, depois aproveitavam o papel e as marcas de segurança para imprimir nele cédulas de R$ 100.
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro lideram entre os Estados com mais reais falsos.

Medidas
O Banco Central analisa a possibilidade de lançar, até o final do ano que vem, uma nova "família" de reais com dispositivos de segurança modernos, que podem incluir faixas holográficas -como a da nota de R$ 20- e tinta especial. "A família do euro, por exemplo, levou sete anos para ser criada", diz Barbosa. Ainda não se tem o custo do projeto.
Enquanto as novas notas não chegam, o Banco Central faz mudanças pontuais, como a troca da moeda de R$ 1 toda de aço por uma que tem um anel dourado. A nota de R$ 1 também foi mudada.
Outro recurso, de acordo com o BC, são os cursos ministrados no país, para funcionários do comércio, e as campanhas informativas.
O maior metrô do país, o de São Paulo, participa desse programa de treinamento. Desde janeiro, a empresa recolheu cerca de R$ 6.000 em dinheiro falso na capital paulista, contra R$ 5.000 no ano passado.
O valor é baixo diante do faturamento de cerca de R$ 1 milhão por dia, segundo Nelson Medeiros Sobrinho, chefe de arrecadação da empresa.


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