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FALSÁRIOS EM AÇÃO
Banco Central recolheu 428,5 mil cédulas de janeiro a novembro de 2003, maior número desde 1994
Apreensão de reais falsificados bate recorde
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A circulação de dinheiro falsificado bateu o recorde da era do
real neste ano. De janeiro a novembro, segundo o Banco Central, 428,5 mil notas foram recolhidas no país, contra apenas
1.046 em 1994, ano do lançamento
da moeda.
Em relação ao número de cédulas em uso, cerca de 2,1 bilhões, a
quantidade de reais "podres" é
pequena, mas os valores da falsificação chamam a atenção: R$ 14,1
milhões. Pagou a conta quem recebeu a nota sem perceber o golpe, porque não há como trocá-la.
A novidade é que, neste ano, a
principal cédula falsificada é a de
R$ 50, que representou 55,8% do
dinheiro tirado de circulação. Por
sete anos -1994 e de 1997 a
2002-, a nota de R$ 10 era a preferida pelas quadrilhas de falsários. Em 1995 e 1996, a de R$ 100
era a mais visada para golpes.
"O falsário tinha o mesmo trabalho para fazer R$ 10. Em certo
momento, achou que devia produzir R$ 50", afirma o diretor do
Departamento do Meio Circulante do Banco Central, José dos Santos Barbosa, 51.
Segundo ele, dois motivos podem explicar o crescimento das
moedas falsas no país. Primeiro, a
tecnologia evoluiu e hoje permite
reproduzir as notas em impressoras, com um padrão de qualidade
melhor do que quando o real foi
lançado. Segundo, a família de
notas e moedas em uso foi preparada em apenas cinco meses, com
falhas de segurança que começaram a ser corrigidas ao longo dos
últimos anos. Num primeiro momento, por exemplo, os falsários
"lavavam" as notas de R$ 1 com
produtos químicos, para tirar a
tinta, depois aproveitavam o papel e as marcas de segurança para
imprimir nele cédulas de R$ 100.
São Paulo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro lideram entre os Estados com mais reais falsos.
Medidas
O Banco Central analisa a possibilidade de lançar, até o final do
ano que vem, uma nova "família"
de reais com dispositivos de segurança modernos, que podem incluir faixas holográficas -como a
da nota de R$ 20- e tinta especial. "A família do euro, por
exemplo, levou sete anos para ser
criada", diz Barbosa. Ainda não se
tem o custo do projeto.
Enquanto as novas notas não
chegam, o Banco Central faz mudanças pontuais, como a troca da
moeda de R$ 1 toda de aço por
uma que tem um anel dourado. A
nota de R$ 1 também foi mudada.
Outro recurso, de acordo com o
BC, são os cursos ministrados no
país, para funcionários do comércio, e as campanhas informativas.
O maior metrô do país, o de São
Paulo, participa desse programa
de treinamento. Desde janeiro, a
empresa recolheu cerca de R$
6.000 em dinheiro falso na capital
paulista, contra R$ 5.000 no ano
passado.
O valor é baixo diante do faturamento de cerca de R$ 1 milhão
por dia, segundo Nelson Medeiros Sobrinho, chefe de arrecadação da empresa.
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