São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2004

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ESPÍRITO SANTO

Para secretário, há "provas" do envolvimento de criminosos em atentados

Tráfico atacou ônibus, diz governo

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA

O secretário da Segurança do Espírito Santo, Rodney Rocha Miranda, disse ontem que o governo encontrou "provas" que reforçam a idéia inicial de que os atentados contra ônibus na região de Vitória foram motivados pela repressão ao tráfico de drogas.
De acordo com o secretário, os ataques teriam sido comandados de dentro de presídios, por traficantes, que teriam utilizado telefones celulares.
Os atentados deixaram dez ônibus incendiados entre a madrugada da última sexta-feira e a noite de domingo na capital e na região metropolitana.
Ontem, a Polícia Militar fez uma operação pente-fino nos presídios em busca de provas que pudessem ajudar nas investigações.
Foram apreendidos dez celulares e quatro chips de operação de aparelhos. Além dos aparelhos, na Casa de Custódia de Vila Velha (região metropolitana) foi encontrada uma agenda com diversos números de celulares.
A Folha apurou que, na agenda, foram identificados números de algumas das 12 pessoas que já foram acusadas de participar dos atentados. Dessas, oito já estão detidas e quatro têm mandado de prisão emitido pela Justiça. A Secretaria da Segurança não informou os nomes dos presos ou dos traficantes que teriam comandado os ataques para não dificultar o andamento das investigações.

Fuga
De acordo com o secretário Rocha Miranda, os atentados foram provocados para "desestabilizar o sistema de segurança do Estado". Uma fuga de presos do presídio de Linhares e da Casa de Custódia de Vila Velha estava sendo planejada. Em Linhares, foram encontradas duas bombas de fabricação caseira, além de oito cordas e diversas armas artesanais.
Na Casa de Custódia de Vila Velha, também foi descoberto um túnel em fase de construção pelos presos. As visitas e a entrada de material para os detentos foram suspensas por sete dias.
"As investigações agora também tomarão o rumo de determinar se houve facilitação de policiais de dentro dos presídios para que essa comunicação [ordem de incendiar os ônibus] se estabelecesse", disse o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Luis Carlos Giubert.

Exército
Os 440 soldados do Exército que foram enviados para Vitória continuarão na cidade "por medida de prevenção", segundo o secretário da Segurança.
O efetivo militar havia sido pedido pelo governador Paulo Hartung (sem partido) aos ministérios da Justiça e da Defesa no domingo. Ontem, Hartung esteve reunido com os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e José Alencar (Defesa) para avaliar a situação de segurança da capital do Estado.
A medida de redução de 70% na frota nas linhas que foram atacadas, a partir das 20h, será mantida por mais dois dias pelo governo do Estado. As aulas na rede estadual de ensino também permanecerão suspensas nesta semana no período noturno.
Os atentados, que ocorreram depois das 22h, não deixaram vítimas. Os dez ônibus foram invadidos e roubados. Motoristas, cobradores e passageiros foram retirados dos veículos antes de eles serem incendiados.


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