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Estado de São Paulo volta a enfrentar surto de dengue
Número de casos cresceu 1.380% entre 2004 e este ano; no país, aumento foi de 138,6%
São José do Rio Preto é o município com o maior número de doentes, seguido por Ribeirão Preto e Praia Grande e Catanduva
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os casos de dengue explodiram neste ano no Estado de São
Paulo e já foi registrada pelo
menos uma morte em razão da
doença. Além disso, a enfermidade está mais perigosa. Como
há três tipos de vírus espalhados pelo Estado -a pessoa que
se infecta uma vez fica imunizada para o mesmo sorotipo,
mas pode ser infectada com os
outros-, é mais fácil pegar pela
segunda vez a doença, que então se manifesta de forma mais
agressiva e pode levar à morte.
O aumento no número de casos foi de 1.380% em três anos
-passou de 3.049 ocorrências
em 2004 para 45.151 neste ano.
Esse número só fica abaixo de
2001, que teve 51.668 casos. No
país, o aumento foi de 138,6%
no mesmo período.
A cidade que registrou o
maior número de doentes em
2006 foi São José do Rio Preto,
com 12 mil casos. Em 2004, foram 43. Na seqüência estão Ribeirão Preto (3.727 casos),
Praia Grande (3.598), Catanduva (3.341) e Guarujá (2.045).
No mesmo período, os recursos para ação de apoio e orientação aos municípios, dentro
do Programa de Controle de
Endemias, diminuiu, conforme
mostram os dados do Sigel (sistema de acompanhamento dos
gastos do governo paulista).
Em 2004, os recursos previstos eram de R$ 1,3 milhão, sendo que foram efetivamente gastos R$ 953 mil. Em 2005 e
2006, os recursos previstos foram de R$ 882,4 mil -uma
queda de 32,1%.
Por outro lado, as ações de
controle de vetores receberam
mais recursos. Segundo a Secretaria da Saúde, em 2004, o
valor foi de R$ 5,6 milhões e,
neste ano, de R$ 7,2 milhões.
A União, por sua vez, reduziu
o repasse a SP. Em 2004, repassou R$ 80,9 milhões -divididos entre Estado e municípios.
Em 2005, o valor aumentou para R$ 98,3 milhões e, neste ano,
caiu para R$ 80,3 milhões.
Segundo o Ministério da Saúde, os recursos deste ano são
preliminares e referentes ao
período até outubro. A pasta
diz que a intenção é ficar no
mesmo patamar ou superar o
valor de 2005.
Para tentar conter o rápido
avanço da doença, a Secretaria
de Estado da Saúde anunciou
neste mês que investirá cerca
de R$ 5 milhões para combater
a dengue no fim deste ano e início de 2007. E que um "exército" de 406 profissionais será
contratado e irá às ruas para
acabar com o mosquito Aedes
aegypti, transmissor da doença.
Para o geógrafo Marcos César Ferreira, professor da Unicamp que pesquisa dengue, falta o poder público como um todo, e não apenas por meio das
secretarias de Saúde, encarar a
epidemia como um gravíssimo
problema e adotar medidas fiscalizatórias mais intensas.
Carlos Magno Fortaleza,
coordenador de controle de
doenças da Secretaria de Estado da Saúde, alega que a redistribuição dos tipos de vírus e o
clima proporcionaram o aumento de casos. Segundo ele, o
vírus tipo 3, que era mais raro,
foi o que mais se propagou no
ano. "Também não tivemos um
mês sequer de frio. No calor, o
mosquito se reproduz muito
mais rápido. Por isso, tivemos
transmissão o ano inteiro."
Fortaleza ressaltou ainda
que, após dois anos com poucos casos de dengue, as pessoas
foram se "desmobilizando". "É
responsabilidade do Estado,
mas da população também."
A coordenadora do programa de controle à dengue de São
José do Rio Preto, Amena Alcântara Ferraz, diz que há diversos fatores para o recorde
de casos observado na cidade.
Até o ano passado, diz ela,
grande parte da população ainda não havia tido contato com
o vírus 3. "Além disso, nosso
sistema de vigilância é bom e os
médicos notificam os casos rapidamente, o que nem sempre
ocorre em outros municípios."
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