São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Estado de São Paulo volta a enfrentar surto de dengue

Número de casos cresceu 1.380% entre 2004 e este ano; no país, aumento foi de 138,6%

São José do Rio Preto é o município com o maior número de doentes, seguido por Ribeirão Preto e Praia Grande e Catanduva

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os casos de dengue explodiram neste ano no Estado de São Paulo e já foi registrada pelo menos uma morte em razão da doença. Além disso, a enfermidade está mais perigosa. Como há três tipos de vírus espalhados pelo Estado -a pessoa que se infecta uma vez fica imunizada para o mesmo sorotipo, mas pode ser infectada com os outros-, é mais fácil pegar pela segunda vez a doença, que então se manifesta de forma mais agressiva e pode levar à morte.
O aumento no número de casos foi de 1.380% em três anos -passou de 3.049 ocorrências em 2004 para 45.151 neste ano. Esse número só fica abaixo de 2001, que teve 51.668 casos. No país, o aumento foi de 138,6% no mesmo período.
A cidade que registrou o maior número de doentes em 2006 foi São José do Rio Preto, com 12 mil casos. Em 2004, foram 43. Na seqüência estão Ribeirão Preto (3.727 casos), Praia Grande (3.598), Catanduva (3.341) e Guarujá (2.045).
No mesmo período, os recursos para ação de apoio e orientação aos municípios, dentro do Programa de Controle de Endemias, diminuiu, conforme mostram os dados do Sigel (sistema de acompanhamento dos gastos do governo paulista).
Em 2004, os recursos previstos eram de R$ 1,3 milhão, sendo que foram efetivamente gastos R$ 953 mil. Em 2005 e 2006, os recursos previstos foram de R$ 882,4 mil -uma queda de 32,1%.
Por outro lado, as ações de controle de vetores receberam mais recursos. Segundo a Secretaria da Saúde, em 2004, o valor foi de R$ 5,6 milhões e, neste ano, de R$ 7,2 milhões.
A União, por sua vez, reduziu o repasse a SP. Em 2004, repassou R$ 80,9 milhões -divididos entre Estado e municípios. Em 2005, o valor aumentou para R$ 98,3 milhões e, neste ano, caiu para R$ 80,3 milhões.
Segundo o Ministério da Saúde, os recursos deste ano são preliminares e referentes ao período até outubro. A pasta diz que a intenção é ficar no mesmo patamar ou superar o valor de 2005.
Para tentar conter o rápido avanço da doença, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou neste mês que investirá cerca de R$ 5 milhões para combater a dengue no fim deste ano e início de 2007. E que um "exército" de 406 profissionais será contratado e irá às ruas para acabar com o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Para o geógrafo Marcos César Ferreira, professor da Unicamp que pesquisa dengue, falta o poder público como um todo, e não apenas por meio das secretarias de Saúde, encarar a epidemia como um gravíssimo problema e adotar medidas fiscalizatórias mais intensas.
Carlos Magno Fortaleza, coordenador de controle de doenças da Secretaria de Estado da Saúde, alega que a redistribuição dos tipos de vírus e o clima proporcionaram o aumento de casos. Segundo ele, o vírus tipo 3, que era mais raro, foi o que mais se propagou no ano. "Também não tivemos um mês sequer de frio. No calor, o mosquito se reproduz muito mais rápido. Por isso, tivemos transmissão o ano inteiro."
Fortaleza ressaltou ainda que, após dois anos com poucos casos de dengue, as pessoas foram se "desmobilizando". "É responsabilidade do Estado, mas da população também."
A coordenadora do programa de controle à dengue de São José do Rio Preto, Amena Alcântara Ferraz, diz que há diversos fatores para o recorde de casos observado na cidade. Até o ano passado, diz ela, grande parte da população ainda não havia tido contato com o vírus 3. "Além disso, nosso sistema de vigilância é bom e os médicos notificam os casos rapidamente, o que nem sempre ocorre em outros municípios."


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