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PAULO E YARA
Suspeita de traição faz bancário atropelar e matar mulher na frente dos filhos, em Santa Catarina
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS E
JOINVILLE
Parece coisa de livro: bancário, filho único, tímido e introspectivo, o rapaz da história se apaixona de saída pela
exuberante operadora de telemarketing, uma moça experiente com os homens, vaidosa e de grandes ambições.
O final é trágico. Cerca de
três anos depois, ele suspeita
que é traído, atropela a mulher
e a prensa contra um muro de
pedras, na frente do filho do
casal e da filha dela.
O caso de Paulo Eduardo
Steinbach, 32, e Yara Margareth Paz, 28, foi parar nas primeiras páginas dos jornais e
nos telejornais.
Foi um gesto de amor, argumenta o advogado Moacir
João Daldon, que defende
Steinbach. "Ele era completamente apaixonado pela Yara e
sabia que estava sendo traído.
Ouviu na secretária eletrônica
o amante dizer que "foi muito
bom". No dia em que a matou,
o outro estava no local."
Por que, então, não se separou antes? "Ele é funcionário
público, tem renda conhecida.
Não queria, na separação, ser
explorado", conta.
A delegada Maria Carolina
Opilhar, 34, que cuida do inquérito na Delegacia da Mulher em Florianópolis, diz que
"aparentemente não há prova
de traição". Segundo ela, nenhuma das testemunhas diz
ter visto Yara conversando
com outro homem -o suposto
amante, que, diz Daldon, se
chama Samuel e tem 22
anos- nas proximidades da
clínica onde ocorreu o crime.
Nascida e criada em Joinville, interior de Santa Catarina,
Yara era, nas palavras de sua
mãe, uma "moça atentada".
"Ela sempre deixava os homens loucos atrás dela. Não é
por ser minha filha, mas a Yara era muito linda", diz a ex-vigia desempregada Eliana Luiza de Oliveira Paz, 56, que se
separou do marido há 14 anos.
Ela dá a entrevista na casa de
cinco cômodos onde Yara e os
três irmãos cresceram, na periferia de Joinville. Instalada
com outras duas em um terreno de terra batida, a casa tem
chão de cimento, paredes de
reboco e janelas pequenas.
"Ela sempre quis me dar
uma vida melhor", diz Eliana.
Yara tinha três filhos: a mais
velha, de pai desconhecido,
tem 11 anos e era criada pelo
bancário, que assumiu informalmente sua paternidade; o
mais novo, 3, morava com
eles. O do meio, 7, vive com o
pai, um designer, em um
"bairro nobre" de Joinville.
Preso em Florianópolis,
Steinbach, que já era "caladão", ficou mais ainda. "Não
vou dizer, só por causa do que
aconteceu, que o Paulo é má
pessoa. Ele fazia todas as vontades da Yara", diz Eliana.
Recentemente, o casal trocou o carro e mudou-se para
uma casa maior.
Formado em engenharia
eletrônica, Steinbach cresceu
em um ambiente de classe
média, estudou em colégios
particulares e era um aluno
acima da média.
Filho único de pais separados, ele foi criado pelo padrasto, Orlando, veterinário do
Exército, mais velho 17 anos
que sua mãe, Denise, 58.
Os dois estão incomunicáveis: não atendem campainha
nem telefone: "Por favor, respeite a nossa dor", pede um irmão de Denise.
Na cadeia, Paulo alterna horas em silêncio com momentos de desconsolo. "Ele foi de
zero a 150 em segundos, e agora é tarde", diz Daldon.
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