|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROBERTA E ANDRÉ
Professora morre na antevéspera do novo casamento
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
A professora primária Roberta de Cacio da Fonseca, 29, e
o comerciante André Luiz Ucelli Guedes, 36, tinham um encontro marcado na terça-feira
retrasada. Na Vara de Família,
eles participariam de uma audiência sobre a guarda da filha
de três anos de idade.
Ela chegaria como casada: às
9h do sábado anterior, celebraria a união dela com o recruta
Juan, 19, ex-funcionário da pet
shop de Guedes, o antigo marido. Não houve nem audiência
nem casamento.
Pouco antes das 7h da quinta,
dia 9, dois dias antes do casamento, a professora saiu com a
filha do apartamento onde elas
moravam. Botou-a no banco de
trás do seu Palio verde. Antes
de partir, foi chamada por um
dos dois homens dentro de um
Gol branco -conforme uma
testemunha. Sem resistência
alguma, ela se aproximou, o
matador saiu do carro e lhe deu
quatro tiros na altura do peito.
Não pediu nem procurou ou levou nada. O Gol com vidro fumê sumiu em alta velocidade.
O delegado Marcus Neves localizou André Guedes, levou-o
para depor e o indiciou por
-suposto- homicídio doloso
(proposital). Para o delegado, o
comerciante, "ciumento e muito possessivo", contratou pistoleiros para liquidar a ex-mulher. Não foi pedida a prisão.
À polícia e à Folha, Guedes
proclamou inocência. A suspeita, afirma, "é um dos maiores
absurdos da face da Terra".
Gato abandonado
Quando Roberta e Guedes se
conheceram, há pouco mais de
cinco anos, se alguém imaginasse o epílogo da história deles, seria tido como maluco. Roberta se casou na virada dos 18
para os 19 anos. Viveu sob o
mesmo teto por quatro meses,
mas até o fim se manteve amiga
do primeiro marido. A segunda
união foi com um professor.
Novamente descasada, ela
recolheu um gato abandonado
e passou a freqüentar a loja de
Guedes. Apaixonaram-se. Veio
a filha, sonho de Roberta, cujos
problemas de útero quase a impediram de ser mãe.
Da utopia do amor eterno à
crise conjugal o roteiro foi semelhante ao de tantos casais
que se desencantam. Pessoas
íntimas dela contam episódios
relacionados a dinheiro nos
quais o companheiro a teria
contrariado. Falam de suspeitas de traição de parte a parte.
Trabalhando em duas escolas, era financeiramente emancipada e cursava direito. Fazia
dança, seu corpo era comentado nas rodas masculinas.
Quem resolveu dar fim ao casamento foi Guedes. Em junho
de 2005, Roberta foi de vez para a casa dos pais. Logo, narram
testemunhas, o comerciante
apelou pela volta, sem sucesso.
Queixa
Um pouco antes ou um pouco depois do fim do casamento
-há controvérsia-, o coração
de Roberta mudou de dono:
conquistou-o Juan, o empregado da pet shop. A polícia colheu
relatos de colegas de Roberta,
segundo os quais Guedes fez
um escândalo diante da escola
protestando contra o novo relacionamento.
A professora se dizia perseguida pelo ex. No primeiro semestre, registrou queixa na Delegacia de Atendimento à Mulher. Denunciou ameaças. Há
meses o ex-casal se encontrou,
em circunstâncias não esclarecidas. Escondido, Guedes gravou declarações de amor a ele.
Depois, procurou Juan para
mostrar. O episódio não abalou
o namoro.
Roberta resolveu partir para
o quarto casamento. Faria 30
anos em março. No seu celular,
a polícia descobriu filmes com
suas cenas mais íntimas com
Juan, seu último amor.
Texto Anterior: Danielle e Alex: Garota é morta em frente ao emprego pelo ex-noivo Próximo Texto: Paulo e Yara: Suspeita de traição faz bancário atropelar e matar mulher na frente dos filhos, em Santa Catarina Índice
|