São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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ROBERTA E ANDRÉ

Professora morre na antevéspera do novo casamento

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A professora primária Roberta de Cacio da Fonseca, 29, e o comerciante André Luiz Ucelli Guedes, 36, tinham um encontro marcado na terça-feira retrasada. Na Vara de Família, eles participariam de uma audiência sobre a guarda da filha de três anos de idade.
Ela chegaria como casada: às 9h do sábado anterior, celebraria a união dela com o recruta Juan, 19, ex-funcionário da pet shop de Guedes, o antigo marido. Não houve nem audiência nem casamento.
Pouco antes das 7h da quinta, dia 9, dois dias antes do casamento, a professora saiu com a filha do apartamento onde elas moravam. Botou-a no banco de trás do seu Palio verde. Antes de partir, foi chamada por um dos dois homens dentro de um Gol branco -conforme uma testemunha. Sem resistência alguma, ela se aproximou, o matador saiu do carro e lhe deu quatro tiros na altura do peito. Não pediu nem procurou ou levou nada. O Gol com vidro fumê sumiu em alta velocidade.
O delegado Marcus Neves localizou André Guedes, levou-o para depor e o indiciou por -suposto- homicídio doloso (proposital). Para o delegado, o comerciante, "ciumento e muito possessivo", contratou pistoleiros para liquidar a ex-mulher. Não foi pedida a prisão.
À polícia e à Folha, Guedes proclamou inocência. A suspeita, afirma, "é um dos maiores absurdos da face da Terra".

Gato abandonado
Quando Roberta e Guedes se conheceram, há pouco mais de cinco anos, se alguém imaginasse o epílogo da história deles, seria tido como maluco. Roberta se casou na virada dos 18 para os 19 anos. Viveu sob o mesmo teto por quatro meses, mas até o fim se manteve amiga do primeiro marido. A segunda união foi com um professor.
Novamente descasada, ela recolheu um gato abandonado e passou a freqüentar a loja de Guedes. Apaixonaram-se. Veio a filha, sonho de Roberta, cujos problemas de útero quase a impediram de ser mãe.
Da utopia do amor eterno à crise conjugal o roteiro foi semelhante ao de tantos casais que se desencantam. Pessoas íntimas dela contam episódios relacionados a dinheiro nos quais o companheiro a teria contrariado. Falam de suspeitas de traição de parte a parte.
Trabalhando em duas escolas, era financeiramente emancipada e cursava direito. Fazia dança, seu corpo era comentado nas rodas masculinas.
Quem resolveu dar fim ao casamento foi Guedes. Em junho de 2005, Roberta foi de vez para a casa dos pais. Logo, narram testemunhas, o comerciante apelou pela volta, sem sucesso.

Queixa
Um pouco antes ou um pouco depois do fim do casamento -há controvérsia-, o coração de Roberta mudou de dono: conquistou-o Juan, o empregado da pet shop. A polícia colheu relatos de colegas de Roberta, segundo os quais Guedes fez um escândalo diante da escola protestando contra o novo relacionamento.
A professora se dizia perseguida pelo ex. No primeiro semestre, registrou queixa na Delegacia de Atendimento à Mulher. Denunciou ameaças. Há meses o ex-casal se encontrou, em circunstâncias não esclarecidas. Escondido, Guedes gravou declarações de amor a ele. Depois, procurou Juan para mostrar. O episódio não abalou o namoro.
Roberta resolveu partir para o quarto casamento. Faria 30 anos em março. No seu celular, a polícia descobriu filmes com suas cenas mais íntimas com Juan, seu último amor.


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