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Pais devem olhar para seus preconceitos e como transmitem crenças aos filhos
DA REVISTA DA FOLHA
A reportagem conversou
com Lindsay J. Friedman,
diretora do instituto Um
Mundo de Diferenças, da
Anti-Defamation League
(liga antidifamação), entidade que atua contra diversos preconceitos. "Um
estudo mostrou que quase
50% das crianças têm algum tipo de comportamento racista até os seis anos",
diz Friedman
(LAURA MATTOS)
FOLHA - Como o preconceito surge no período da infância?
LINDSAY J. FRIEDMAN - Todos
crescem desenvolvendo algum tipo de preconceito
transmitido pelos pais, por
experiências pessoais, pela
mídia etc. Recebemos muitos relatos de de xingamentos e provocações por parte de crianças baseados na
identidade da pessoa -raça, religião, orientação sexual real ou a percebida pelo grupo.
FOLHA - O que os pais podem fazer?
FRIEDMAN - Primeiramente,
precisam olhar para seus
preconceitos e observar
como podem estar transmitindo suas crenças aos
filhos. Que tipo de piada
contam e de quais riem?
Atribuem estereótipos a
determinados grupos? Estimulam os filhos a brincar
e a desenvolver relações
com crianças que sejam diferentes delas? Essas atitudes têm impacto sobre as
crianças. Ser um modelo
positivo é muito importante. Além disso, os pais precisam contestar comentários dos filhos que estejam
explicitando preconceito e
também responder a questões que os filhos tenham
sobre as diferenças que estão a sua volta.
FOLHA - Como agir se o filho tiver
atitudes preconceituosas?
FRIEDMAN - Falar diretamente com a criança para
questionar por que ela teve
aquela opinião. As crianças pequenas podem não
entender o real significado
do que estão dizendo e apenas usando palavras que
sabem que vão machucar.
Nesse caso, é importante
ajudá-las a entender o impacto dessas opiniões e atitudes e ser firme sobre como as pessoas precisam
ser tratadas e respeitadas.
FOLHA - E se a criança for vítima
de preconceito?
FRIEDMAN - Primeiro é muito importante ajudá-la a
entender que aquele incidente não é culpa dela. Os
pais precisam dar muito
apoio e incentivá-la a expressar como se sente. Dependendo da idade da
criança e das circunstâncias, podem dizer o que ela
pode responder ou fazer
diante de uma atitude preconceituosa. Na escola, podem orientá-la a pedir ajuda ao professor. Em alguns
casos, pode ser apropriado
intervir diretamente e falar com a família da outra
criança ou com a escola.
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