São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Pais devem olhar para seus preconceitos e como transmitem crenças aos filhos

DA REVISTA DA FOLHA

A reportagem conversou com Lindsay J. Friedman, diretora do instituto Um Mundo de Diferenças, da Anti-Defamation League (liga antidifamação), entidade que atua contra diversos preconceitos. "Um estudo mostrou que quase 50% das crianças têm algum tipo de comportamento racista até os seis anos", diz Friedman (LAURA MATTOS)  

FOLHA - Como o preconceito surge no período da infância?
LINDSAY J. FRIEDMAN
- Todos crescem desenvolvendo algum tipo de preconceito transmitido pelos pais, por experiências pessoais, pela mídia etc. Recebemos muitos relatos de de xingamentos e provocações por parte de crianças baseados na identidade da pessoa -raça, religião, orientação sexual real ou a percebida pelo grupo.

FOLHA - O que os pais podem fazer?
FRIEDMAN
- Primeiramente, precisam olhar para seus preconceitos e observar como podem estar transmitindo suas crenças aos filhos. Que tipo de piada contam e de quais riem?
Atribuem estereótipos a determinados grupos? Estimulam os filhos a brincar e a desenvolver relações com crianças que sejam diferentes delas? Essas atitudes têm impacto sobre as crianças. Ser um modelo positivo é muito importante. Além disso, os pais precisam contestar comentários dos filhos que estejam explicitando preconceito e também responder a questões que os filhos tenham sobre as diferenças que estão a sua volta.

FOLHA - Como agir se o filho tiver atitudes preconceituosas?
FRIEDMAN
- Falar diretamente com a criança para questionar por que ela teve aquela opinião. As crianças pequenas podem não entender o real significado do que estão dizendo e apenas usando palavras que sabem que vão machucar. Nesse caso, é importante ajudá-las a entender o impacto dessas opiniões e atitudes e ser firme sobre como as pessoas precisam ser tratadas e respeitadas.

FOLHA - E se a criança for vítima de preconceito?
FRIEDMAN
- Primeiro é muito importante ajudá-la a entender que aquele incidente não é culpa dela. Os pais precisam dar muito apoio e incentivá-la a expressar como se sente. Dependendo da idade da criança e das circunstâncias, podem dizer o que ela pode responder ou fazer diante de uma atitude preconceituosa. Na escola, podem orientá-la a pedir ajuda ao professor. Em alguns casos, pode ser apropriado intervir diretamente e falar com a família da outra criança ou com a escola.

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