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Deputados querem dobrar salários da elite dos servidores
Proposta é assinada por 65 dos 94 parlamentares estaduais; governo de SP ainda não sabe qual será o impacto na folha de pagamento
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Deputados estaduais de São
Paulo apresentaram um projeto de emenda à Constituição do
Estado, assinado por 65 dos 94
parlamentares, que prevê quase dobrar os salários da elite do
funcionalismo até 2011.
O projeto equipara os vencimentos desses funcionários
aos dos desembargadores do
Tribunal de Justiça de SP, carreira com o mais alto salário no
Estado -R$ 22.111,25 mensais.
Hoje, o limite de salário do funcionalismo é o valor pago ao governador: de R$ 14.850.
O aumento do teto vai beneficiar categorias como os fiscais
de renda, coronéis da PM e procuradores de autarquias.
Se aprovado, o projeto vai beneficiar servidores que têm retido pelo Estado os pagamentos que ultrapassam esse teto.
São casos de pessoas que ganham na Justiça o direito de incorporações salariais, mas acabam recebendo os R$ 14.850
por força da Constituição.
Por exemplo: embora o
maior piso inicial do fiscal de
rendas seja de R$ 10.666, com o
tempo eles incorporam vantagens que elevam o valor para
mais do que ganha o governador. Porém, esse valor acima do
teto do governador não é pago.
Para entrar em vigor, a
emenda constitucional não
precisa passar pelo Executivo
-como ocorre com outras leis.
Ela entra em vigor assim que
for aprovada por, no mínimo,
63 dos 94 deputados e sancionada pela Assembléia.
O projeto determina que os
reajustes sejam escalonados:
neste ano, o teto passa para
70% do salário dos desembargadores; 80% a partir de 1º de
janeiro de 2009, 90% em 2010
e 100% em 2011. Ou seja, após a
aprovação do projeto, eles já
poderão receber até R$ 15.477.
Em janeiro, o valor alcançará
R$ 17.688. Se for aprovado em
fevereiro, por exemplo, a mudança se torna retroativa.
Embora o governo Serra já
tenha se manifestado contra o
aumento do teto, ao menos 38
deputados da base do tucano
assinaram o documento. Dos 13
do DEM, 11 assinaram. Do
PSDB, 3 dos 21. Do PT, assinaram 15 dos 20 deputados.
O secretário de Estado de
Gestão, Sidney Beraldo, segundo sua assessoria, ainda não havia calculado o impacto nas
despesas com o funcionalismo.
Serra, segundo a Folha apurou, foi pego de surpresa e criticou o projeto.
"Temeridade"
O presidente da Assembléia,
Vaz de Lima (PSDB), disse que,
ao contrário do que afirmam
outros deputados, desconhecia
o teor do projeto, apesar de a
proposta ter sido publicada no
"Diário Oficial" do Legislativo.
"Eu não tinha conhecimento
disso. É de autoria parlamentar, isso vai entrando lá na Casa,
e a gente não tem controle disso, né? Qualquer um vai lá, protocola o projeto, e aí a coisa se
processa naturalmente. Não tenho conhecimento do teor",
disse ele, que não quis manifestar sua opinião sobre o projeto.
O líder de Serra na Assembléia Legislativa, Barros Munhoz (PSDB), afirma que o projeto é uma temeridade. "Estamos em um momento em que
muita gente que ganha muitíssimo menos está lutando para
ganhar um pouco mais. Não é
exatamente o momento de você aumentar os maiores salários do Estado", disse ele.
Segundo Barros Munhoz,
Vaz de Lima deve apoiar o aumento do teto, já que é oriundo
da categoria dos fiscais de renda, que estão entre os beneficiados. "Ele [Vaz de Lima] é originário dessa categoria. Diz isso
para quem quiser ouvir: "Eu
não voto contra a minha categoria profissional, onde eu nasci, onde eu me fiz político, onde
eu me fiz na vida"."
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