São Paulo, quarta, 25 de novembro de 1998 |
Próximo Texto | Índice VIOLÊNCIA Artefato, escondido em caixinha de música, foi deixado em escola no Rio; mão direita da docente foi decepada Bomba explode na mão de professora
FERNANDA DA ESCÓSSIA da Sucursal do Rio A professora de matemática Maria de Fátima Oliveira Pascarelli, 46, teve ontem a mão direita decepada na explosão de uma bomba escondida numa caixinha de música embalada para presente. O embrulho teria sido deixado na quinta-feira passada na escola onde Maria de Fátima lecionava, o Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca), na Tijuca (zona norte). O comunicado de aposentadoria da professora saiu na sexta-feira. Como estava doente, não trabalhou na quinta nem na sexta. Ontem, Maria de Fátima foi à escola para se despedir dos colegas e apanhar alguns pertences. Quando entrou na sala da coordenação de matemática, ela viu, sobre a mesa, um embrulho e um cartão com seu nome. Ao abrir a caixinha, a bomba explodiu. A explosão decepou a mão da professora, fez um rombo no tampo da mesa, quebrou vidros da janela da sala e deixou estilhaços pela sala e pelo corredor. Não havia mais ninguém na sala. A professora foi operada no Hospital Municipal Souza Aguiar. Segundo o hospital, o braço foi costurado à altura do pulso, e a professora poderá colocar uma prótese. As aulas foram suspensas. Peritos do Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Civil e policiais federais fizeram uma varredura no prédio em busca de novos explosivos. Há um mês, algo que se assemelhava a uma bomba foi colocado na porta do carro da professora (leia abaixo). Em agosto de 97, uma outra bomba, feita com materiais químicos, explodiu no banheiro da escola. O caso foi levado à Polícia Federal, mas o diretor do Cefet, Marco Antônio Lucidi, disse que, até ontem, não recebera da PF nenhum esclarecimento sobre o resultado das investigações. "Não sabemos quem poderia ter feito isso. Acho lamentável, um absurdo, e me preocupo com o clima de violência nas escolas. A nossa escola não tem, porém, problemas de violência ou de assédio de traficantes", afirmou Lucidi. O diretor do Cefet disse que tem recebido cartas anônimas reclamando sobre mudanças disciplinares que implantou na escola desde 1995, como a obrigatoriedade do uniforme e punições contra trotes violentos, depredação do patrimônio e pichações. A direção da escola e a família da professora disseram que ela era querida dos alunos e afirmaram desconhecer qualquer problema de relacionamento que ela tivesse com estudantes e professores. Há um mês, porém, os alunos realizaram uma eleição, e Maria de Fátima -que lecionava para turmas do nível técnico- foi das mais votadas para o título de "professor mais mala (chato)". "Ela não era exatamente uma professora popular. Era muito rígida, exigente, mas nada que justificasse um ódio tão grande e a colocação de uma bomba. Também lamentamos", afirmou a presidente do grêmio da escola, Ursula Maruyama. Próximo Texto | Índice |
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