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b>HERANÇA DE PITTA
Vereadores governistas fazem esforço para aprovar projeto de lei nos últimos dias da administração
Moradias irregulares podem ter anistia
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vereadores governistas querem
garantir, nos últimos dias da administração do prefeito Celso Pitta (PTN), a aprovação de um projeto de lei que dá anistia a construções irregulares em São Paulo.
Elaborada por Pitta, a proposta
chegou à Câmara Municipal em
10 de novembro e tramitou às
pressas.
De amanhã até a próxima sexta-feira, os governistas pretendem
fazer um esforço para realizar a
segunda audiência pública e
aprovar o projeto em duas votações no plenário.
O governo Pitta afirma que a
anistia será a melhor maneira de
acabar com a corrupção no setor
(leia texto ao lado). Os vereadores
da oposição, no entanto, dizem
que o projeto usa a desculpa de
beneficiar pequenos construtores, mas quer privilegiar os grandes proprietários.
O futuro secretário de Habitação, Paulo Teixeira, afirmou que a
simples anistia não resolve o problema das habitações irregulares.
A anistia vai regularizar imóveis
ilegais construídos até 20 de maio
deste ano, quando foi feito um levantamento aerofotogramétrico
da cidade. O projeto exige apenas
que as construções tenham "condições mínimas de higiene, segurança de uso, estabilidade, habitabilidade e acessibilidade".
As edificações com área de até
80 m2 serão perdoadas de multa e
não pagarão nenhuma taxa.
Só que as edificações de até 750
m2 de área construída (o suficiente para abrigar um prédio, um estabelecimento comercial ou uma
residência grande) vão pagar uma
pequena taxa: o proprietário vai
arcar com 1,43 UFIR (R$ 1,52) por
m2 a ser regularizado.
O dono de imóvel irregular de
700 m2, por exemplo, pagaria R$
1.064 para legalizá-lo, mais as
multas. "Essa área é de um palácio. Usam os pequenos como desculpa", afirmou o vereador José
Mentor (PT).
A última anistia a construções
irregulares ocorreu em 1994. Mas,
segundo Mentor, ainda existem
pedidos daquela época que não
foram autorizados. "São quase
200 mil processos parados. A prefeitura deveria resolver isso antes
de pensar em nova anistia a cada
cinco anos."
O futuro secretário de Habitação disse "estranhar" a pressa do
governo em aprovar o projeto.
"Por que só mandar esse projeto
nos últimos dias do governo Pitta?", questionou Paulo Teixeira.
Para o futuro secretário, é preciso tentar "simplificar a legislação
e aumentar a fiscalização." Teixeira disse que a nova administração
pode apelar à Justiça se o projeto
for aprovado.
O PSDB também é contra o projeto, segundo o líder da bancada
tucana, Aurélio Nomura. "Por
que votar às pressas? Vamos deixar para a próxima legislatura."
Insistência
Vereadores da bancada pró-Pitta tentaram colocar o projeto em
votação nas últimas sessões, mas
houve resistência da oposição. A
governista Myryam Athie
(PMDB), então da Comissão de
Política Urbana, presidiu uma audiência pública promovida pela
Comissão de Justiça para tentar
apressar a tramitação do projeto.
A audiência, no entanto, acabou
sendo anulada.
Uma nova audiência foi feita na
terça-feira passada e outra está
marcada para a próxima sexta-feira. Uma das possibilidades com
que os governistas contam é aprovar o projeto, em primeira votação, até quinta-feira e convocar
uma sessão extraordinária para
sexta-feira.
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