São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2001

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Angolana veio encontrar o marido

DA AGÊNCIA FOLHA

Sem informações sobre o marido, a dona-de-casa Luzola Maria Armando, 22, largou o emprego em um salão de beleza de Angola, em julho, e embarcou para o Brasil atrás dele. Trouxe apenas a filha, Ângela, então com três meses, e a determinação para localizar Patrício Zilah, 27, que havia fugido oito meses antes para escapar de perseguições em seu país.
Ângela iniciou a procura pelos albergues do Rio. Encontrou uma colega angolana e seguiu para São Paulo. Menos de duas semanas depois, já estava com o marido.
"Ele trabalhava em um hotel [em Angola" e foi confundido com três hóspedes que pertenciam à Unita [União Nacional para a Independência Total de Angola, partido que faz oposição ao regime angolano". Teve que fugir. Pensaram que ele era cúmplice."
Instalados em uma casa no centro da cidade, Ângela e Patrício recebem uma ajuda mensal de dois salários mínimos da Caritas (repasse da verba destinada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
"Meu marido veio para cá porque foi onde conseguiu passagem. A única coisa que conhecia daqui era a [novela" Mulheres de Areia. Se um dia tiver dinheiro, vou para Nova York," diz Ângela.
O sonho americano também motivou o albanês Albet Cjeçi, 26, a pagar US$ 12,5 mil por um passaporte italiano falso e uma passagem aérea que pensava ser para os Estados Unidos. "Quando cheguei em Guarulhos, a polícia descobriu que estava com passaporte falso e me levou para o Carandiru. Fiquei dois meses e meio preso, mas o juiz entendeu que errei para sobreviver e me liberou."
Cjeçi diz que passou a sofrer represálias após se tornar membro de um partido que combate o regime socialista na Albânia.
No pavilhão 6 do presídio, onde ficou, fez amizade com outro albanês. "A gente tentava ficar tranquilo em um canto. Meu amigo [que também falsificou passaporte" foi condenado a dois anos."
(ADRIANA CHAVES)


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