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VIOLÊNCIA
Só metade do público esperado apareceu; subprefeito vê elo com pirataria, mas delegado não descarta nenhuma hipótese
Movimento cai na 25 de Março após explosão
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Na véspera do Natal, o volume
de vendas na rua 25 de Março sofreu forte queda. Para os lojistas, a
causa foi a bomba que explodiu
anteontem no local, deixando 15
vítimas no principal ponto de comércio popular de São Paulo.
Segundo a GCM (Guarda Civil
Metropolitana), eram esperados
ontem 1 milhão de consumidores,
mas apareceram cerca de 500 mil.
Uma das pessoas que não se incomodaram em comprar no local, mesmo após a bomba, foi o
vendedor ambulante Francisco
Ervenildo Martins, 22. Ele é o padrasto de Luan Richard Coutinho
dos Santos, 2, um dos feridos com
a explosão. Martins foi comprar o
enxoval do filho, que nasceu ontem e recebeu o nome de Kevin.
A mãe da criança, Mônica Coutinho Santos, 19, entrou em trabalho de parto ao ver o filho mais velho machucado com os estilhaços
da bomba caseira, deixada em
uma lixeira na altura do número
1.031, perto do shopping 25 de
Março. "Depois desse susto só
quero ir para casa com toda a minha família", disse Martins.
O shopping pertence ao empresário Law Kin Chong, apontado
como um dos maiores contrabandistas do país. Ele e sua mulher,
Mirian, estão presos. No dia 15,
vistoria no local encerrou uma série de ações em centros de venda
de eletrônicos e importados, geralmente pirateados ou contrabando. Mais de 7.000 caixas com
produtos foram apreendidas.
O subprefeito da Sé, Andrea
Matarazzo, voltou ontem a dizer
que o atentado pode estar ligado
ao comércio ilegal na região e ao
aperto na fiscalização. "Com certeza o ato foi de responsabilidade
de alguém que faz parte da cadeia
produtiva da pirataria", disse.
Já o delegado Roberto Bueno
Menezes disse ser "precipitado"
ligar o crime a ambulantes insatisfeitos com a fiscalização. "Já ouvimos nove vítimas e três testemunhas. Não foi possível ainda identificar o autor do crime ou saber
qual seria a motivação. Todas as
hipóteses são consideradas."
Lojistas e camelôs lamentaram
a explosão de anteontem, que afugentou a clientela no Natal, considerada a melhor época para o comércio. "O movimento geralmente é menor no dia 24, mas hoje está triste", lamentou a camelô
Elza Lima das Virgens, 34.
O vendedor Paulo Santos, 32,
também reclamou. "Ouvi gente
dizer que aqui não pisa tão cedo.
A pessoa que fez isso é muito má."
Dos 15 feridos na explosão, só
três continuavam internados.
Mona Lisa Fagundes do Nascimento, 21, estava em estado grave
no Hospital do Servidor Público
Municipal. Atingida por estilhaços da bomba caseira, teve traumatismo craniano e ainda corre
risco de morte. Moradora do
Guarujá, no litoral sul de São Paulo, ela havia ido à 25 de Março
com o namorado fazer compras.
Richard Coutinho dos Santos, 2,
estava na unidade de terapia intensiva do hospital do Mandaqui
com trauma de pulmão. Seu quadro era estável, mas inspirava cuidados, segundo informações da
Secretaria de Estado da Saúde. A
mãe dele, Mônica Coutinho dos
Santos, 19, passava bem.
(GIOVANNA BALOGH e ALEXANDRE HISAYASU)
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