São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 2005

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VIOLÊNCIA

Só metade do público esperado apareceu; subprefeito vê elo com pirataria, mas delegado não descarta nenhuma hipótese

Movimento cai na 25 de Março após explosão

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

Na véspera do Natal, o volume de vendas na rua 25 de Março sofreu forte queda. Para os lojistas, a causa foi a bomba que explodiu anteontem no local, deixando 15 vítimas no principal ponto de comércio popular de São Paulo.
Segundo a GCM (Guarda Civil Metropolitana), eram esperados ontem 1 milhão de consumidores, mas apareceram cerca de 500 mil.
Uma das pessoas que não se incomodaram em comprar no local, mesmo após a bomba, foi o vendedor ambulante Francisco Ervenildo Martins, 22. Ele é o padrasto de Luan Richard Coutinho dos Santos, 2, um dos feridos com a explosão. Martins foi comprar o enxoval do filho, que nasceu ontem e recebeu o nome de Kevin.
A mãe da criança, Mônica Coutinho Santos, 19, entrou em trabalho de parto ao ver o filho mais velho machucado com os estilhaços da bomba caseira, deixada em uma lixeira na altura do número 1.031, perto do shopping 25 de Março. "Depois desse susto só quero ir para casa com toda a minha família", disse Martins.
O shopping pertence ao empresário Law Kin Chong, apontado como um dos maiores contrabandistas do país. Ele e sua mulher, Mirian, estão presos. No dia 15, vistoria no local encerrou uma série de ações em centros de venda de eletrônicos e importados, geralmente pirateados ou contrabando. Mais de 7.000 caixas com produtos foram apreendidas.
O subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, voltou ontem a dizer que o atentado pode estar ligado ao comércio ilegal na região e ao aperto na fiscalização. "Com certeza o ato foi de responsabilidade de alguém que faz parte da cadeia produtiva da pirataria", disse.
Já o delegado Roberto Bueno Menezes disse ser "precipitado" ligar o crime a ambulantes insatisfeitos com a fiscalização. "Já ouvimos nove vítimas e três testemunhas. Não foi possível ainda identificar o autor do crime ou saber qual seria a motivação. Todas as hipóteses são consideradas."
Lojistas e camelôs lamentaram a explosão de anteontem, que afugentou a clientela no Natal, considerada a melhor época para o comércio. "O movimento geralmente é menor no dia 24, mas hoje está triste", lamentou a camelô Elza Lima das Virgens, 34.
O vendedor Paulo Santos, 32, também reclamou. "Ouvi gente dizer que aqui não pisa tão cedo. A pessoa que fez isso é muito má."
Dos 15 feridos na explosão, só três continuavam internados. Mona Lisa Fagundes do Nascimento, 21, estava em estado grave no Hospital do Servidor Público Municipal. Atingida por estilhaços da bomba caseira, teve traumatismo craniano e ainda corre risco de morte. Moradora do Guarujá, no litoral sul de São Paulo, ela havia ido à 25 de Março com o namorado fazer compras.
Richard Coutinho dos Santos, 2, estava na unidade de terapia intensiva do hospital do Mandaqui com trauma de pulmão. Seu quadro era estável, mas inspirava cuidados, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde. A mãe dele, Mônica Coutinho dos Santos, 19, passava bem.
(GIOVANNA BALOGH e ALEXANDRE HISAYASU)


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